Quais foram os aspectos que mais o impressionaram sobre a figura do padre Bolla, a quem o senhor conheceu pessoalmente?
Impulsionado por uma clara motivação missionária, iluminada pelo Concílio Vaticano II, ele sempre mostrou-se ousado ao compartilhar a vida (característica difícil para um ocidental) de um povo amazônico: dias de trabalho nos campos de Achuar, povo do qual ele se considerava hóspede; longas caminhadas pela floresta para visitar pessoas; muitas horas passadas em reuniões de comunidades minúsculas, para tratar de problemas que, por outros, seriam facilmente considerados irrelevantes... Mas este era o seu modo de viver a consagração a um povo e que lhe permitiu abrir um novo caminho de evangelização.
O senhor poderia nos contar um pouco sobre os livros que foram escritos sobre o padre Bolla e patrocinados pelo VIS?
Ele é autor de um volume póstumo, publicado no Peru, em espanhol, em 2015, do qual eu editei a tradução e publicação: "Meu nome é Yankuam" (tradução livre do título para o português, ed. Elledici, 2018, página 452). Destina-se àqueles que querem conhecer os habitantes da floresta amazônica, mas principalmente aos agentes pastorais que desejam refletir sobre as maneiras de levar o Evangelho às culturas que ainda não o conheceram.
No segundo volume: "Invocou o Evangelho com vida" (tradução livre do título para o português, ed. Elledici, 2018, p. 100), o autor, padre Juan Bottasso, destaca as profundas motivações da escolha pastoral do padre Bolla.
Um terceiro volume, publicado pela Inspetoria Salesiana da Itália Nordeste (INE), intitula-se "Yankuam, pai do povo Achuar" (tradução livre do título para o português). Trata-se de uma biografia completa, projetada para uma ampla divulgação de sua figura.
Com base em sua convivência com padre Bolla, o que o senhor pode nos dizer sobre o respeito à identidade dos povos indígenas?
A resposta é dada pelo Papa Francisco. Com a Amazônia ameaçada, com a insegurança e dificuldades das populações em relação ao seu próprio futuro, especialmente os nativos, o Papa quis, em primeiro lugar, encontrar-se com eles, em Puerto Maldonado, em janeiro, e, em seguida, abriu o Sínodo Pan-amazônico, para possibilitar o nascimento e o desenvolvimento de uma Igreja indígena, inculturada e orientada por pastores indígenas. Exatamente a experiência vivida durante 40 anos pelo padre Bolla, que agora aparece como uma resposta providencial e como um modelo experimentado e positivo, capaz de mostrar concretamente o caminho aos Padres sinodais.
Yánkuam, uma estrela que pode brilhar no céu da santidade salesiana?
Como diz o padre Domingo Bottasso, um dos salesianos que viveu mais tempo com Yánkuam: "Se ele não é considerado santo, ninguém o é".