O papamóvel chega ao mesmo local da Vigília da noite anterior: é o sinal para os jovens, que se juntam para saudar sua passagem, ziguezagueando entre o mosaico colorido de barracas, sacos de dormir, mochilas, esteiras. No Palco e na frente já se encontram 700 Bispos e pelo menos 10.000 sacerdotes, prontos para a Concelebração Eucarística final.
Com a saudação do Cardeal-Patriarca de Lisboa, Dom Manuel Clemente, que agradece ao Pontífice o choque de energia dado nestes dias, inicia-se a soleníssima Liturgia da Transfiguração dp Senhor. O Papa explica o Evangelho de Mateus e pede aos jovens que façam suas as palavras de Pedro: "Senhor, é bom estarmos aqui!", mas sabendo que logo depois teremos de repartir... “Depois destes dias – perguntou o Papa – o que levaremos conosco quando regressarmos ao vale da vida cotidiana? Com base no Evangelho que ouvimos, gostaria de responder a esta pergunta com três verbos: resplandecer – escutar - não temer».
Primeiro, resplandecer. Jesus transfigura-se diante de Pedro, Tiago e João. “Este 'banho de luz' prepara-os para a noite que terão de atravessar; este vislumbre luminoso os há de ajudar a manter o esforço nas horas mais escuras - as do Getsêmani e do Calvário". Da mesma forma, uma pessoa não se torna luminosa quando se coloca no centro das atenções mas quando se abre a Deus: “Será luz no dia em que praticar obras de amor. Quando, porém, V., em vez de fazer obras de amor, olhar egoisticamente para si, então a luz se há de apagar” - explicou o Pontífice.
O segundo verbo é escutar: “O segredo é este: escutar Jesus. Pegue o Evangelho, leia o que Jesus lhe diz; e o que diz em seu coração”. Mas “atenção – alerta o Papa - com as formas de egoísmo, disfarçadas de amor. Há que ouvi-Lo, porque Ele vai lhe dizer qual é o caminho do amor”.
Por fim, "não temer". Estas são as últimas palavras que Jesus diz aos seus discípulos. “E a vocês, Jovens, tentados neste tempo a desanimar, a esconder a dor disfarçando-a em sorriso: a vocês, que desejam mudar o mundo, que investem o melhor de seus esforços e imaginação, mas ficando com a sensação de que não bastam...; a vocês, de quem a Igreja e o Mundo precisam como a terra da chuva; a vocês, que representam o presente e o futuro…; é precisamente a vocês, jovens, que hoje diz o Senhor: “Não tenham medo”.
O Papa pede, então, um momento de silêncio para que cada um repita a si mesmo, em seu coração, as palavras: "Não tenham medo". O Pontífice gostaria de olhar cada um deles nos olhos, e dizer-lhes: “E mais, digo-lhes uma coisa muito bonita: já não sou eu, é o próprio Jesus que os olha neste momento. Ele está a nos ver. Ele conhece vocês, conhece o coração de cada um, conhece a vida de cada um, conhece as alegrias, conhece as tristezas, os sucessos e os fracassos, conhece o seu coração. Ele ‘lê’ os seus corações. E hoje, aqui em Lisboa, nesta JMJ repete-lhes: "Não tenham medo! Não temam! Tenham coragem!".
Depois da Missa, houve ainda tempo para os atos de encerramento da JMJ e do agradecimento oficial – também do Papa Francisco, que lembrou São João Paulo II por Sua ajuda do Céu, e se referiu à presença constante de Jesus e Maria, nestes dias e na vida cotidiana de todos.
Veio depois o anúncio oficial e o duplo convite do Santo Padre: a quase trinta anos da edição das Filipinas (1995), a JMJ será novamente sediada por um país asiático: “A próxima Jornada Mundial da Juventude será realizada na Coreia do Sul, em Seul. Assim, em 2027, da fronteira ocidental da Europa seguiremos para o Extremo Oriente. E este é um belo sinal da universalidade da Igreja e do sonho de unidade de que todos Vocês são testemunhas” - declarou o Papa em meio ao entusiasmo dos peregrinos asiáticos, e sem esquecer a etapa intermédia para a qual o Papa sempre convida todos os presentes: o Jubileu dos Jovens, em Roma, em 2025.
Por fim, antes de se despedir dos peregrinos, o Papa Francisco rezou a oração mariana do Ângelus com o milhão e meio de rapazes e moças presentes no Parque Tejo. E com eles partilha seu desejo de um "futuro de paz" para o mundo:
- "Sonho com Jovens que rezem pela paz, vivam em paz, construam a paz!".