Bolívia – O que acontece no país

19 novembro 2019

(ANS – Cochabamba) – A Inspetoria Salesiana da Bolívia (BOL) sente-se gratificada pelas manifestações de solidariedade recebidas após o assalto que envolveu saques e destruição na estação de Rádio e Televisão Ichilo, no município de Yapacaní, Santa Cruz, e pelas manifestações de proximidade por ocasião do lançamento de gás lacrimogêneo no pátio da escola "Dom Bosco", em La Paz, numa hora em que os alunos se encontravam no local. Queremos esclarecer às nossas Comunidades irmãs - da América e do mundo - que aquilo que aconteceu na Bolívia é fruto de um complexo processo sociopolítico que resultou na renúncia do ex-presidente Evo Morales e na nomeação de um governo de transição, legitimamente constituído.

Pelo que podemos observar, não houve nada parecido com um Golpe de Estado, mas uma clara resistência civil e popular a uma nova afronta do ex-partido do governo contra a Constituição política do Estado. Algumas passagens relacionadas afirmam que Evo Morales não respeitou o resultado do referendo constitucional de 21 de fevereiro de 2016 – cujo resultado das urnas decidiu que ele não poderia reapresentar a sua candidatura em outras eleições. Ele, a título de "direito humano", optou por ignorar estes resultados, reapresentando-se às eleições de 20 de outubro deste ano. A este fato soma-se a insatisfação pelo incêndio de mais de 1.000.000 hectares de floresta na Chiquitanía, que entre as causas acusa um decreto governamental que favorece a prática do ‘chaqueo’, ou seja, das queimadas, para aumentar a extensão de terras agrícolas destinadas a pessoas afins ao MAS (Movimiento al Socialismo) e para interesses comerciais. E, enfim, a fraude eleitoral em favor de Morales, denunciada pela Organização dos Estados Americanos após uma investigação realizada por um grupo de especialistas.

A maioria dos cidadãos bolivianos buscou uma solução pacífica para o conflito deste período, que pôde ser comprovado no motim de policiais que se recusaram a reprimir os civis em protesto. O exército também sugeriu que o Ex-presidente interrompesse suas funções, o que o levou a renunciar, abrindo espaço para uma sucessão constitucional, agora liderada pela Dra. Jeanine Áñez.

Os Bispos bolivianos, em sua declaração de 10 de novembro, dizem literalmente: "O que está acontecendo na Bolívia não é um golpe de Estado; afirmamos isso diante dos cidadãos bolivianos e de toda a comunidade internacional".

Nesse contexto, extremamente resumido, pedimos às Comunidades salesianas da América e do mundo que não caiam em desinformação ou em suposições sobre a perda de legalidade e democracia na Bolívia. Ainda vivemos tempos difíceis por causa dos grupamentos de Evo Morales, que não aceitam a renúncia de seu líder e pedem que volte ao governo, o que é completamente irrealizável, após as notícias de corrupção e manipulação dos poderes do Estado em que fomos submersos.

Todas as Obras salesianas continuam acompanhando o povo neste momento difícil, oferecendo seu serviço de educação e evangelização na medida em que as circunstâncias o permitem. Agradecemos a toda a FS do Mundo pelas orações e pela proximidade. Continuemos a pedir a Deus uma solução rápida, pacífica e justa para todos os conflitos.

Cochabamba, 16 de novembro de 2019

InfoANS

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