Entretanto, havia também diferenças. Por exemplo: Dom Bosco, especialmente nos primeiros anos, não transmitia apenas uma mensagem de estreia, mas costumava diversificar as mensagens para seus interlocutores. Algumas eram mais pessoais; outras, relacionadas a grupos individuais (salesianos, clérigos, estudantes, artesãos, oratorianos...). E, diferentemente de hoje, havia também estreias "contínuas", apresentadas por Dom Bosco ao longo de várias ‘boas-noites’.
Entre as peculiaridades das Estreias de Dom Bosco, documentadas - de acordo com o livro do P. Santo Russo "As Estreias de Dom Bosco e dos seus Sucessores" - , podemos citar aquelas originadas de... sonhos (1863-64-68-77):
- a de 1862, que não foi ditada por ele, mas pessoalmente por Nossa Senhora e que ele, por meio de uma nota, entrega a todos;
- além de outras, que contêm presságios para o futuro, como previsões de morte de jovens ou de outras pessoas (1859-60-62-68-77), que, no entanto, ele apresentava, não como momentos terríveis, mas como uma etapa necessária para o alegre encontro com o Pai.
Os temas recorrentes das Estreias de Dom Bosco referem-se à sua figura paterna com os jovens; à fugacidade do tempo terreno destinada a ressaltar o objetivo último da vida eterna; bem como referências aos instrumentos úteis para a vida de Fé (confissão, comunhão, devoção mariana, oração).
Embora nas biografias se diga que Dom Bosco oferecia a Estreia já em 1849, a primeira - documentada - foi a de 1858, ainda que daquele ano só tenham permanecido algumas, pessoais, dirigidas a clérigos e a sacerdotes. Nos anos seguintes, nem sempre foi possível identificar as mensagens de Natal (algumas deixam dúvidas). Entretanto, por 23 anos há a certeza de que foram ditadas ou escritas pessoalmente por ele.
Seguem abaixo as mensagens das Estreias oferecidas por Dom Bosco que possuem referência, exceto algumas, sinalizadas de outra forma; e outras, genéricas, válidas para todos:
1859: “Boas confissões, abrir sinceramente o coração ao confessor...” (Previsão da morte do jovem Miguel Magone).
1860: “De minha parte, como Estreia eu vos dou tudo o que tenho; pode ser pouco, mas, quando vos dou tudo, significa que não reservo nada para mim".
1861: “Confissão frequente e sincera; frequente e devota Comunhão”.
1862: “Façam um grande esforço para ouvir com atenção a Santa Missa; e cada um, por sua vez, trabalhe para promover a devota assistência à mesma” (E estreias de Nossa Senhora para cada jovem do Oratório, com uma anotação especial para cada um).
1863: Sonho do elefante e da Virgem Maria. «‘Venite ad me omnes’. Recorrei a Ela. Invocai Maria em todos os perigos, e vos garanto que sereis ouvidos”.
1864: “No início deste novo ano, o que devo pedir a vocês? O que prometer e o que aconselhar? Três coisas. Quanto a pedir, só posso pedir o que faz parte do programa desta casa e está escrito em meu quarto: ‘Da mihi animas, caetera tolle’: peço apenas suas almas, desejo apenas seu bem espiritual. Prometer? Prometo e dou tudo o que tenho: por vocês estudo, por vocês trabalho, por vocês vivo e por vocês estou disposto até a dar minha vida. Aconselhar? Procurem, com atenção, me compreender (fala de um grande globo terrestre suspenso por dois postes, em duas colunas)... O globo representa o mundo, as duas colunas são: Maria Santíssima e o Santíssimo Sacramento. São elas que realmente sustentam o mundo...".
1865: A todos os salesianos. "Salvar muitas almas e, entre elas, a própria alma". Aos alunos: "Et erit fides in temporibus suis: divitiae salutis, sapientia et scientia: timor Domini ipse est thesaurus ejus" (E a fé reinará em seu tempo: a sabedoria e a ciência são suas riquezas salutares e o temor do Senhor é o seu próprio tesouro).
1866 (de autoria incerta): Sonho: Dilúvio - Moinho - Jangada... Promessa de Maria: "Se vocês me forem filhos devotados, eu lhes serei uma Mãe compassiva".
1867: Aos alunos: "Usem a medalha da Santíssima Virgem Maria ao pescoço o tempo todo e invoquem, várias vezes ao dia, esta Mãe de Misericórdia, com algumas breves e fervorosas preces".
1868: “A Confissão e a Comunhão, frequentes e devotas, são grandes meios para salvar as nossas almas”.
1869: Aos alunos do Oratório (oralmente): “O que dizer a Dom Bosco? Que enquanto cuida do bem da alma dos outros, não se esqueça da sua". (Seguem-se outras Estreias para os diversos membros do oratório e, por meio de cartas, para as Casas de Mirabello e de Lanzo).
1872: “Bom exemplo e obediência”.
1873: “Para todos, um exemplo para ser imitado, um guia para ser seguido, um protetor: São Luís; a todos, um amigo para honrar: Jesus Sacramentado; uma mãe para invocar, Maria Auxiliadora”.
1875: Em carta ao P. Bonetti pode-se reconhecer a Estreia. “Aos jovens: a comunhão frequente. A todos: rigor nos deveres".
1876: “Uma coisa a ser feita e dois amigos. Os dois amigos: o bom exemplo e Jesus Sacramentado. Uma coisa ser feita: valorizar essas pequenas companhias".
1877: “Regular-se sempre, de tal forma que, quando a morte chegar, estejamos sempre preparados” (Previsão de morte).
1878: De uma carta para o P. Rua, enviada de Roma, em 27 de dezembro de 1877: "Estamos no fim do ano e me encontro dolorosamente longe de nossos queridos filhos. Saúde-os por mim e faça, para o novo ano, as seguintes recomendações: 1º Combater o hábito de fumar e de murmurar. 2° Exatidão nos deveres do próprio estado, começando pelo P. Rua e terminando pelo Giulio (leigo não-salesiano da comunidade). 3° Comungar e rezar muito pelas Casas recém-abertas ou que estão por se abrir nas missões, onde Deus nos preparou copiosas messes.
1879: Instrui o P. Rua a apresentar a todos, em seu nome, a Estreia para o novo ano: "União".
1880: A todos, sem distinção: “Promover o bom exemplo com palavras e ações; combater os hábitos indiferentes em coisas desnecessárias”.
1883: Estreia em forma de circular, dirigida aos Diretores individuais e uma em particular ao P. Lemoyne. (…) «A todos os jovens. 'Confissão frequente e comunhão devota'».
1884: Aos alunos: “Não roubar objetos alheios, nem o tempo, nem a inocência, nem a alma verbis et operibus. Aos salesianos: “A primeira caridade é aquela que se usa para a própria alma”.
1886: “Oração… Comunhão, obediência”.
1888: A Dom Cagliero, em dezembro de 1887, entre outras recomendações, disse: "Estreia: devoção a Maria e comunhão frequente". Em seguida, concordou que a citação serviria como Estreia.