Vaticano – Na Missa finda a XVI Assembleia Geral do Sínodo. O Papa Francisco: “Sonhamos com uma Igreja serva de todos”

30 outubro 2023
Foto ©: Vatican Media

(ANS – Cidade do Vaticano) – Domingo, 29 de outubro de 2023, na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco celebrou a Missa em que se encerrou a XVI Assembleia Geral do Sínodo sobre a Sinodalidade, que reuniu no Vaticano, desde o dia 4 de outubro, cardeais, bispos, leigos e leigas, religiosos e religiosas, especialistas, irmãos e irmãs de outras confissões cristãs. Todos em torno do Papa na Basílica do Vaticano, lotada por cerca de cinco mil fiéis, para celebrar o final feliz de um percurso de quatro semanas. Neste tempo, diz Francisco na homilia, pudemos “descobrir a beleza da fraternidade”, “escutámo-nos uns aos outros” e sobretudo, “na rica variedade das nossas histórias e das nossas sensibilidades, ouvimos o Espírito”.

“Hoje não vemos o fruto completo deste processo, mas podemos olhar para o horizonte que se abre diante de nós: o Senhor deverá guiar e ajudar todos "a ser Igreja mais sinodal e missionária, que adora a Deus e serve as mulheres e os homens do nosso tempo, saindo para levar a todos a alegria consoladora do Evangelho":

Servir e anunciar, mas também acolher, adorar, amar. Acima de tudo “amar”, diz o Pontífice na sua reflexão intercalada com citações do Cardeal Martini e de São João Crisóstomo, porque o “amor” é o primeiro mandamento, o “centro motor”, o “princípio inspirador”. “Não os cálculos humanos, não as modas do mundo”, não a “idolatria” que parece oferecer a vida quando, em vez disso, pedem a vida em troca: “Amar a Deus com toda a vida e amar o próximo como a si mesmo”, este – afirma o Papa – é “o princípio e o fundamento a partir do qual tudo começa. E recomeça”.

Mas como traduzir tal impulso de amor? Antes de tudo com a adoração, primeira resposta ao amor “livre e surpreendente” de Deus. Adorar significa reconhecer que Deus “é o sentido do viver”. Ao adorá-Lo, redescobrimo-nos livres. Por isso, na Sagrada Escritura, o amor ao Senhor aparece frequentemente associado à luta contra toda a idolatria. Quem adora a Deus rejeita os ídolos, pois, enquanto Deus liberta, os ídolos tornam-nos escravos: enganam-nos; nunca realizam o que prometem; porque são “obra das mãos dos homens”. 

“Sempre – adverte Francisco - devemos lutar contra as idolatrias”:

- tanto as mundanas, que muitas vezes derivam da vanglória pessoal - como a ânsia do sucesso, a autoafirmação a todo custo, a ganância do dinheiro (o diabo entra pelos bolsos, não o esqueçamos!), o encanto do carreirismo;

- quanto as disfarçadas de espiritualidade - como a minha espiritualidade, as minhas ideias religiosas, a minha habilidade pastoral... Vigiemos para não nos  colocarmos a nós mesmos, em vez de a Ele, no centro”.

“Mas voltemos à adoração. A Igreja seja adoradora! Adore-se o Senhor em cada diocese, em cada paróquia, em cada comunidade! Porque só assim nos voltaremos para Jesus, e não para nós mesmos..."

O segundo verbo que o Papa cita é “servir”, isto é, amar a Deus e aos outros. “Não existe experiência religiosa que seja surda ao grito do mundo. Não há amor a Deus sem envolvimento no cuidado do próximo: caso contrário corre-se o risco do farisaísmo” - afirma o Bispo de Roma.

“Talvez tenhamos de verdade muitas e belas ideias para reformar a Igreja, mas lembremo-nos: adorar a Deus e amar os irmãos com o seu amor - esta é a grande e perene reforma”.

Uma “Igreja do serviço”, portanto, é o que deseja o Sucessor de Pedro, uma Igreja que “lava os pés da humanidade ferida, acompanha o caminho dos mais frágeis, dos débeis e dos descartados, sai com ternura pelos mais pobres”.

“Penso naqueles que são vítimas das atrocidades da guerra; nas tribulações dos migrantes, no sofrimento escondido de quem se encontra sozinho e em condições de pobreza; em quem é esmagado pelos fardos da vida; em quem já não tem mais lágrimas, em quem não tem voz. E penso nas vezes sem conta em que, por trás de lindas palavras e eloquentes promessas, se favorecem formas de exploração; ou então nada se faz para as evitar”. É uma pena, um pecado grave.

 “Nós, discípulos de Jesus, queremos levar ao mundo outro fermento, o do Evangelho: Deus em primeiro lugar e, juntamente com Ele, aqueles para quem vão as suas predileções, ou seja: os pobres, os mais frágeis”.

“Esta, irmãos e irmãs, é a Igreja com a qual somos chamados a sonhar: uma Igreja que seja serva de todos, serva dos últimos”, reitera Francisco. Uma Igreja que “acolhe, serve, ama, perdoa”. Uma Igreja, portanto, “mais sinodal e missionária”. Daí o agradecimento a todos os que fizeram parte da assembleia “ por tudo o que fizeram no Sínodo e continuam a fazer” e “pelo caminho percorrido juntos, pela escuta, pelo diálogo”. E, junto com a ação de graças, também o voto de que possamos crescer na adoração a Deus e no serviço ao próximo”.

“Avante, pois, com alegria!”

Salvatore Cernuzio

InfoANS

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