“Na tarde de ontem foi realizada a XVIII Congregação Geral, com a participação de 348 membros, e o primeiro passo foi votar a Carta ao Povo de Deus - destacou Pires - . Cada membro votou por meio de um tablet disponibilizado para a ocasião. A pergunta era: «Aprovo o texto da carta do Sínodo? Sim – não»”. O resultado da votação foi: 336 a favor; 12 contra.
Durante a introdução, foram ilustrados os conteúdos gerais do documento - expressão dos debates ocorridos durante as quatro semanas de trabalho - e o seu caráter transitório, uma vez que o Documento a ser submetido ao Papa tal como produzido pelo Sínodo será o aprovado na próxima Assembleia, em outubro de 2024.
A fim de obter uma representação mais ampla, foram convidados para o Sínodo 12 Delegados fraternos, das quatro grandes tradições cristãs: três da Igreja Ortodoxa, três das Igrejas Ortodoxas Orientais, três das Comunhões Protestantes históricas e três Evangélico-Pentecostais
Este aspecto foi precisamente o foco da sessão de quinta-feira, 26 de outubro. E esta perspectiva permeou a fala do Cardeal Kurt Koch, Prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos. De fato, a presença dos delegados fraternos - disse ele - mostra que a participação de outras Igrejas e comunidades eclesiais está no centro da experiência do ecumenismo.
A fala seguinte foi do Metropolita Ortodoxo Romeno da Europa Ocidental e Meridional, presente no Sínodo como Delegado Fraterno, Iosif. “Como Igreja Ortodoxa, estamos muito felizes por fazer parte deste processo”, começou ele, lembrando que a reflexão sobre a sinodalidade e o primado está em curso, há dez anos, no âmbito da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Católico-Ortodoxo. Uma verdadeira “fraternidade” está sendo construída entre os cristãos do mundo, após épocas marcadas por tensões e divisões: “Busquemos juntos o que nos une”, assegurou. Como exemplo de colaboração, o metropolita destacou que, na Itália, “a Igreja Católica empresta mais de 300 igrejas à Igreja Ortodoxa da Romênia”. Além disso, acrescentou, “o ecumenismo ocorre na base” através do testemunho de muitas famílias mistas que se formaram na Europa e no mundo”.
Opuku Onyinah, representante da Federação Pentecostal Mundial e ex-presidente da Igreja de Pentecostes de Gana, destacou por sua vez: “O convite para participar do Sínodo dirigido às outras Igrejas - disse ele - representou um ato de humildade por parte do Papa e da Igreja Católica". O processo sinodal, acrescentou, “é muito transparente, aberto e oferece às pessoas oportunidades iguais para partilhar os seus pontos de vida”. Além disso, “toda contribuição é considerada de igual importância”. Esta é, na opinião de Onyinah, “uma elevada expressão de maturidade demonstrada pela Igreja Católica”.
Dom Stanisław Gądecki, Arcebispo de Poznań, Presidente da Conferência Episcopal Polaca, falou sobre a sua experiência, dizendo-se surpreso por, mesmo em presença de outros cristãos, judeus e não crentes, a discórdia ter sido evitada. “Raramente – explicou – nos encontros humanos isso acontece entre diferentes posições; pelo contrário, o método utilizado foi positivo: primeiro exprimir as próprias ideias, depois ouvir as dos outros e, por fim, debater, inclusive com o silêncio”.
Por fim, Catherine Clifford, canadense, professora de Teologia Sistemática e Histórica na Universidade St. Paul, de Ottawa, que participa dos trabalhos como representante do processo sinodal para a América do Norte, destacou que cada Bispo do mundo “vê o Sínodo como um instrumento prioritário, fruto de décadas de reflexões, onde o caminho entre parceiros ecumênicos continua e é alimentado pelo diálogo”.
