RMG – Redescobrindo os Filhos de Dom Bosco que se tornaram cardeais: Antonio María Javierre Ortas (1921-2007)

19 setembro 2023

(ANS – Roma) – Três anos depois do consistório no qual introduziu três Filhos de Dom Bosco no Colégio Cardinalício, em 1988 Papa João Paulo II também conferiu um barrete roxo ao salesiano espanhol Antonio María Javierre Ortas, estudioso e professor, grande acadêmico e promotor do diálogo ecumênico.

Antonio María Javierre Ortás nasceu em Siétamo, na comunidade espanhola de Aragão, no dia 21 de fevereiro de 1921. Após concluir os estudos primários e secundários em Huesca, Saragoça e Barcelona, ​​entrou para o Noviciado salesiano de Girona em 1939 e fez a primeira Profissão na Sociedade Salesiana de São João Bosco em 11 de setembro de 1940. Frequentou cursos: de filosofia em Girona, Barcelona e Salamanca; de pedagogia em Girona e Santander; e de teologia em Salamanca, Roma e Louvain. Fez os Votos perpétuos em 6 de janeiro de 1946, em Salamanca, e recebeu a ordenação sacerdotal no dia 24 de abril de 1949, na mesma cidade.

Seu desejo era, a exemplo de Dom Bosco, viver sua vocação de salesiano no contato direto com os jovens em terras de missão; mas a Providência o chamou para outras funções. Assim, foi apóstolo no ambiente universitário e nos ambientes da Cúria Romana. Entretanto, nunca perdeu a oportunidade de desenvolver sua intensa atividade espiritual no campo essencialmente teológico e no campo cultural mais amplo, conduzindo grupos de professores e religiosos, e como capelão de estudantes universitários.

Após obter o doutorado em Teologia, foi de 1951 a 1976 professor de Teologia Fundamental na Pontifícia Universidade Salesiana, de Turim,

Foi chamado para os trabalhos do Concílio Ecumênico Vaticano II como especialista do Episcopado Espanhol. Foi consultor do Secretariado para a União Cristã e, durante três anos, membro da comissão “Fé e Constituição” do Conselho Mundial de Igrejas. Participou das três Conferências mundiais do mesmo Conselho, realizadas em Nova Déli, Upsala e Nairóbi, cumprindo diversas funções. Além disso, ministrou algumas palestras sobre “Fé e Constituição” e “Igreja e Sociedade”, realizadas em Genebra. Também foi orador nas reuniões do Comité Central do Conselho Mundial das Igrejas em Paris, Genebra, Utrecht e Heraclion.

Ocupou o cargo de Reitor da Faculdade de Teologia da Universidade Salesiana, de 1959 a 1971, e o de Reitor Magnífico, de 1971 a 1974. Foi precisamente durante os anos de sua reitoria que o Pontifício Ateneu Salesiano (PAS) foi elevado a Universidade Pontifícia Salesiana (UPS), com sede em Roma.

Sua atividade acadêmica foi particularmente intensa nessa época: dedicou anos inteiros de estudos e de ensino à Teologia Dogmática e ao Seminário ecumênico. Também foi convidado inúmeras vezes para falar em diversas universidades, em Roma e em outras cidades. Além disso, foi criador, fundador e secretário geral dos "Simpósios" de Teologia Fundamental, em Lovaina (Bélgica) e Gazzada.

Em 20 de maio de 1976, foi nomeado VI Secretário da Congregação para a Educação Católica e Arcebispo titular de Meta, pelo Papa Paulo VI, sendo consagrado no dia 29 de junho do mesmo ano - e tendo, entre seus Coordinantes, o Arcebispo Rosalio José Castillo Lara, que também seria destinado à púrpura, alguns anos depois.

Sua natureza salesiana também se manifestou na escolha do brasão episcopal, representação do Sonho das Duas Colunas de Dom Bosco. De fato, o seu grande amor a Maria Auxiliadora e a Jesus Eucaristia sempre transpareceu em seus escritos e ações (“Tudo é atraído por este centro de gravidade”, escreveu numa das cartas ao Papa João Paulo II).

Na Cúria Romana, ofereceu seu conhecimento e experiência a vários Dicastérios. Desenvolveu uma intensa atividade de divulgação teológica e de apostolado no mundo da cultura, sobretudo através de grupos de professores e religiosos engajados nos campos da educação e, como capelão, entre estudantes universitários.

Foi nomeado cardeal pelo Papa João Paulo II em 28 de junho de 1988, e em consideração à sua origem religiosa, foi designado à igreja titular de Santa Maria Liberatrice no Monte Testaccio, em Roma, confiada à pastoral dos salesianos.

Em 1º de julho de 1988, foi nomeado arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica Vaticana. Exerceu tais funções até o dia 24 de janeiro de 1992, data em que foi nomeado Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, função que exerceu até 21 de junho de 1996, saindo “'na ponta dos pés', para se dedicar ao serviço que, pelo contrário, nunca deve ser abandonado: a oração”, como disse dele Bento XVI.

Doente e provado por tratamentos, morreu de infarto na madrugada do dia 1º de fevereiro de 2007, poucas horas depois de celebrar uma missa solene em honra de São João Bosco. Após o funeral presidido pelo Santo Padre na Basílica de São Pedro, foi sepultado nas Catacumbas de São Calisto.

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