Ruanda – Os meninos de rua de Rango e as oportunidades do Centro Dom Bosco

15 abril 2021
Foto: Vatican News

(ANS - Butare) - Em Rango, na cidade de Butare, no sul de Ruanda, há uma obra salesiana iniciada em 1996, dois anos depois do terrível genocídio que custou a vida a 800 mil pessoas. Compõe-se de uma paróquia, um oratório e um grande Centro de Formação Profissional. A casa, atualmente em expansão para poder oferecer novas e melhores oportunidades a jovens carentes, também oferece abrigo e a possibilidade de mudança de vida a dezenas de meninos de rua que, de outro modo, correriam o risco de passar toda a vida dependendo de expedientes à margem da sociedade.

Um deles é Kande, de 16 anos, que certo dia bateu à casa salesiana para pedir um pedaço de pão. Ele começou a viver nas ruas aos 10 anos. “A vida era difícil. Às vezes a polícia nos prendia e nos levava para o centro de reabilitação Mbazi, onde ficávamos por cerca de cinco meses; quando voltávamos para a rua, tínhamos de lutar para encontrar até mesmo um lugar para dormir”. Sentado ao lado dele, Dakarai toma sua sopa. Ele começou a mendigar nas ruas depois que a mãe lhe matou o pai numa briga de família e acabou presa. “Continuei morando na rua por cerca de 13 anos - diz ele – . Hoje, graças aos salesianos, tenho a oportunidade de estudar mecânica”.

“Agradeço aos padres, porque me encaminharam para a formação profissional - conta Juvenal – . Hoje estudo mecânica com outros meninos da minha idade, mas não temos tudo de que precisamos. Devido à pobreza, faltam uniformes escolares, camisas e sapatos. Porém, mesmo quando falta alguma coisa para comer, suportamos e voltamos para a escola, porque agora temos um objetivo a conquistar”.

A jovem Ishimwe, por sua vez, foi criada pela avó materna. Quando a idosa senhora não teve mais forças para trabalhar no campo, ela se dirigiu aos salesianos de Rango, pedindo para poder frequentar o curso de culinária.

“Eles chegam das ruas pedindo comida; conseguimos incluir muitos deles em cursos profissionalizantes de mecânico ou sapataria. Oferecemos material escolar e uniforme; mas o problema é a comida. Alguns, de fato, vivem completamente nas ruas, outros são alimentados pelas famílias que os acolhem; outros ainda só comem alguma coisa de noite, no local onde frequentam os cursos técnicos”, conta o pároco, P. Remy Nsengiyumva.

O P. Nsengiyumva e seus paroquianos estão se organizando para criar uma pequena cantina e preparar o almoço para esses jovens. Ainda não existe um projeto concreto, embora já tenham pensado no nome: "Ejo heza" (Por um amanhã melhor), que foi iniciado quando, no início da pandemia, na primavera de 2020, crianças de rua de Ruanda começaram a procurar a paróquia. “Como os companheiros deles foram bem tratados, muitos agora nos procuram. Pedimos, a todos os que puderem, que nos deem uma mão” - conclui o religioso.

InfoANS

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