Acredito que este tenha sido um acontecimento histórico, cujas consequências ficarão evidentes apenas com o passar do tempo. A jornada em si já é uma mensagem, porque viu o Papa visitando um país "periférico" de acordo com vários aspectos, e pelo programa que foi desenvolvido, com duas visitas "sociais", duas etapas dedicadas ao diálogo inter-religioso e duas específicas para a comunidade cristã, além dos momentos protocolares.
Que momentos o senhor compartilhou com o Santo Padre?
Como arcebispo de Rabat, fui o anfitrião eclesiástico do Papa, portanto o acompanhei praticamente em todos os momentos da viagem. O melhor momento pessoal foi quando pude viajar de carro com ele por quase uma hora (só nós dois, com o motorista e o pessoal de segurança). Pudemos conversar lado a lado durante todo o trajeto, de uma maneira muito familiar e próxima, trocamos até algumas piadas.
O ecumenismo precisa ser um eixo prioritário, que deve apoiar as religiões para uma convivência pacífica e complementar. Como o Papa demostrou essa necessidade no Marrocos?
Se com ecumenismo nos referimos ao esforço e às iniciativas que nós, cristãos, atuamos para "ser uma coisa só", aqui no Marrocos o vivemos com grande intensidade. O Papa cumprimentou pessoalmente o Presidente da Igreja evangélica no Marrocos, o Reverendo Anglicano, o Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa e o metropolita Meletios da Igreja Ortodoxa Grega, que se encontrava em visita. Ele também falou muito bem do Instituto Ecumênico de Teologia "Al Mowafaqaqa", um instituto que católicos e protestantes realizam conjuntamente em Rabat, dividindo 50% de responsabilidade, pessoal e custos.
Mas se queremos pensar em um ecumenismo além do cristianismo, isto é, em um diálogo inter-ireligioso, em particular no diálogo islâmico-cristão, esta visita do Papa marca um antes e um depois em relação a este tema.
A duas semanas da viagem, o senhor acha que houve um impulso, um estímulo aos cristãos do país?
Para a pequena comunidade católica (cerca de 30.000 pessoas), esta visita foi "uma injeção" de autoestima, entusiasmo, alegria, comunhão ... Tivemos quase 10.000 pessoas reunidas em uma missa, certamente pela primeira vez em toda a história do Marrocos! E vivemos uma experiência fantástica e alegre... Todos saíram da missa com um sentimento de alegria e paz no coração, difícil de descrever.