Nascido em 1º de março de 1955 em Bukavu, Kivu do Sul, desde criança, ele percebe as condições de inferioridade nas quais vivem as mulheres. "Quando acompanhava meu pai ao hospital para visitar os doentes, percebia que as pacientes recebiam cuidados insuficientes e muitas vezes morriam após o parto. Eu me perguntava o que eu poderia fazer por elas".
Depois de terminar a escola, estudou Medicina e especializou-se em Ginecologia e Obstetrícia. Recusou-se a fazer carreira acadêmica preferindo retornar a Bukavu para combater a violência contra as mulheres. "A parte oriental do Congo - explica ele - poderia transformar o país em um dos mais ricos do mundo. Todavia, há décadas é atravessada por conflitos e violência que as suas vítimas, especialmente contra mulheres e crianças ... Os corpos das mulheres tornaram-se campos de batalha e, o estupro, uma arma de guerra, que apenas só viola o corpo da vítima, mas a destrói psicologia e a coesão de toda a comunidade".
Na República Democrática do Congo ao longo dos últimos vinte anos foram estupradas e definitivamente marcadas, mais de 1,8 milhões de mulheres, durante as duas guerras civis (1996-2003), em seguida, durante o conflito entre Norte e Sul Kivu (2004-2009) e até hoje, com as incursões contínuas realizadas por vários grupos armados.
"Para 'convencer' a comunidade não resistir, os atacantes se voltam contra as mulheres: estuprando-as em público, muitas vezes na frente de seu marido ou filhos, e tortura quase sempre com objetos que causam lesões graves em seus genitais" conta Mukwege.
Em 1989, para cuidar e dar alívio às mulheres do Kivu do Sul, Mukwege criou uma ala de maternidade em Lemera, que foi destruída. Sem desanimar, ele construiu outro em Bukavu, sua cidade natal, mas este também durou pouco. Com confiança e tenacidade ele construiu - sempre em Bukavu - o "Hospital Panzi" que, desde 1999 acolhe e cuida de mais de 50.000 mulheres vítimas de violência sexual.
"Elas são como um lenço rasgado: é preciso pegar os fios e costurá-los novamente um por um". È assim que Mukwege descreve as condições físicas e psicológicas das mulheres que ele cuida. E conclui: "Não sei quantas vezes, observando-as em seus leitos de dor, me desesperei e me perguntei: 'Como poderão se recuperar?'. E, a cada vez, me surpreendo descubro que elas se erguem de novo, não por si, mas por suas famílias e por seus filhos. Eu acredito que nós homens temos realmente muito que aprender com elas”.