“As relações com os muçulmanos são, em geral, muito boas: nós, cristãos, somos respeitados e vistos com simpatia. Somos ligados aos muçulmanos, não raramente, também por relações sinceras de amizade. Isso não significa que não existam pessoas contrariadas com a nossa presença, mas no conjunto estamos contentes com a qualidade da convivência com os muçulmanos. Também as autoridades demonstram atenção e cordialidade em relação a nós”, diz Dom López.
No País, os católicos, todos estrangeiros, representam uma pequena minoria e estão ligados a duas dioceses: Tanger, a menor, e Rabat, onde residem 33 milhões de pessoas, entre as quais muitos migrantes: a cada ano, muitos fiéis (entre 25% e 30% deixam a diocese e são substituídos por outros que chegam.
“A nossa – diz o arcebispo – é uma Igreja em contínua mudança: existem dificuldades, mas sem dúvida não corremos o perigo de fechar-nos”.
Em Marrocos o Islã é religião de Estado. “Nós, cristãos, podemos professar livremente a nossa fé, mas são proibidas as manifestações públicas, como as procissões. O proselitismo é proibido. No campo da liberdade de consciência alguma coisa se move, sobretudo nos círculos intelectuais. Um marroquino, teoricamente, pode escolher livremente a própria religião, mas a sociedade provavelmente criaria um vazio ao seu redor”.
Entretanto há vários níveis de diálogo entre o Catolicismo e o Islã: “O primeiro nível, que considero o mais importante e envolve a todos, é aquele que poderia chamar de ‘diálogo da vida’, o entendimento que liga as pessoas cristãs e muçulmanas na vida cotidiana”.
As escolas vêm em seguida: na diocese de Rabat, por exemplo, há quinze institutos católicos, com 12 mil alunos e 800 professores. Os diretores, cristãos e muçulmanos, criaram juntos um importante projeto educativo.
“O terceiro nível – continua o arcebispo salesiano – é aquele representado por pequenos grupos de fiéis que periodicamente se reúnem para conhecer-se, compartilhar os respectivos caminhos de fé e aprofundar a visão cristã e muçulmana da vida”.
Enfim, conclui, “acontece também que, às vezes, cristãos e muçulmanos se reúnem em algum local para rezarem juntos: é o quarto nível e envolve um pequeno número de pessoas”.