O desafio da mudança aparece logo no título do Congresso. O que precisa ser mudado?
Por um lado, a mudança está diante de nossos olhos. Vemos as transformações do cenário geopolítico, o drama dos refugiados da África, os grandes problemas sociais que atravessam a Ásia e a Europa. Por outro, há os desafios das inovações tecnológicas, da inteligência artificial às criptomoedas, e os da agenda mundial, a começar pela economia sustentável. Por outro lado, existe a nossa capacidade de mudar. Cada pessoa que tem a responsabilidade de garantir os muros e as estruturas em que educamos, ao redor do mundo, enfrenta desafios novos, sem precedentes, mas que têm muitas características em comum. É por isso que decidimos, pela primeira vez, fazer esse grande esforço de nos encontrarmos fisicamente para pensarmos juntos em possíveis soluções, para dar uma resposta salesiana às questões que o mundo contemporâneo apresenta.
A economia desempenha claramente um papel importante nesta mudança. Como a alta dos preços e das matérias-primas impacta a atividade de vocês?
Sou Ecônomo Geral há doze anos e nunca havia presenciado uma situação como esta. De vários centros administrativos surgem problemas de liquidez: usaram as reservas para manter os centros e pagar salários nos meses da pandemia e agora, diante do aumento de todos os custos, são obrigados a se endividar para manter a atividade. Este também é um tema que discutimos: alguns souberam responder bem à mudança. Aqueles que já haviam investido nos anos anteriores para se tornarem autônomos do ponto de vista energético, por exemplo. Mas há também escolas, em algumas zonas, que redescobriram a agricultura, utilizando os gramados à volta das estruturas para cultivar os vegetais para as cantinas. Como Congregação, temos hoje a Casa Generalícia, aqui em Roma, junto à Estação Termini, que parece um canteiro de obras a céu aberto, porque queremos reduzir ao máximo todo o desperdício de energia e emissões poluentes. Claro que é difícil para todos: recentemente organizamos um plano de ajuda para a região de Tigray e, quando preparamos tudo, vimos que o valor que antes nos permitia enviar três caminhões de ajuda hoje é suficiente apenas para um caminhão ...
Quais são os principais temas abordados do congresso?
Estamos preparando este evento há dois anos e meio. Escolhemos cinco temas cruciais: economia sustentável, espiritualidade salesiana, inteligência artificial, comunicação do futuro, prevenção da corrupção. Para nós, salesianos, a ideia de preparar os bons cidadãos do futuro é fundamental. Mas o que significa hoje ser bons cidadãos em um contexto onde, por exemplo, existe uma corrupção desenfreada? Ou, então, o que significa ser bons cidadãos em relação ao impacto de nossas escolhas cotidianas no meio ambiente? Estes são os tipos de questões que debatemos.
E encontraram as respostas?
Obviamente não existem respostas definitivas para as grandes questões dos nossos tempos. Mas esperamos que os participantes voltem para casa com mais motivação, otimismo e consciência. Discutimos também questões sobre as quais sou quase analfabeto, como moedas digitais ou inteligência artificial. Mas em alguns países estas coisas são normais e não podemos deixar de estar preparados, não podemos dizer "isso não nos interessa": são "coisas novas" que pertencem à realidade em que nossos jovens estarão imersos e precisamos conhecê-las para prepará-los para o mundo.