Como disse um 'Padre sinodal', depois das cachoeiras e das corredeiras andinas, chega-se aos rios tranquilos da Amazônia, que se fluem plácidos em busca do mar. Esta a sensação que nos deixa a leitura do belíssimo Documento Final. Depois de rica e vivaz troca de pontos de vista, de compartilha por vezes mui diversa, chegou-se a um sereno rio amazônico, por onde perpassa presente a riqueza e o equilíbrio dos seus conteúdos, sem nada tirar de sua força e vitalidade transformadora da Natureza, da Sociedade e da Vida Humana.
O documento é um rio profundo, rico, abundante, a que afluem muitas correntes, provenientes de países diferentes e das experiências das Igrejas amazônicas.
Um dos nomes que se pode dar a este rio é "conversão". A conversão a Cristo e a seu Evangelho, que se traduz em conversão pastoral, cultural, ecológica, sinodal.
Gostaria de agradecer em particular pelo importante espaço dedicado à Amazônia de Semblante Jovem – preocupação com os Jovens indígenas – , preocupação com as comunidades ribeirinhas, com os afrodescendentes, com os migrantes, com os colonos, com os camponeses, com os urbanizados... – a quem o documento dá particular atenção...
À luz do Sínodo anterior, várias questões se levantam: a necessidade de acompanhar os Jovens e educá-los; de ajudar-lhes o projeto de vida através do discernimento e acompanhamento vocacional; de propor espaços criativos para formar líderes para uma pastoral de processos centrados em Jesus Cristo e no Seu projeto, uma pastoral dialógica e integral. Os Jovens são um potencial exuberante de ser empenhado na Igreja e na Sociedade, por sua sensibilidade no cuidado da Casa comum, podendo por isso tornar-se "profetas de esperança".
Uma das características do Sínodo é a opção preferencial pelos Povos indígenas... O Capítulo IV apresenta propostas bem ponderadas em favor da ecologia integral... O Capítulo V apresenta a conversão sinodal, construída visando o consenso com uma quase ‘artesanal’ paciência.
O presente Documento Final é um fruto autêntico de vera sinodalidade. Aparece o aspecto fundamental da ‘ministerialidade’ eclesial, uma ministerialidade criativa, capaz de dar novas respostas missionárias. Está aberto ao diálogo e ao estudo do diaconato feminino permanente e é chamado a estabelecer critérios e disposições por parte da Autoridade competente para dar o sacerdócio a varões idôneos, reconhecidos pela comunidade, podendo dispor de uma família legitimamente constituída e estável, aptos para ocupar-se das mais distantes áreas amazônicas.
Agradecemos a Deus pelo dom deste Sínodo amazônico.
P. Martín Lasarte SDB