Na ocasião, três pescadores da aldeia de Guaratinguetá, Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves, pescavam no rio Paraíba. Por várias vezes, naquele dia, eles atiraram suas redes em vão. Resolveram, então, avançar seis quilômetros em direção a uma área chamada Porto Itaguaçu.
A certo ponto, João Alves notou que sua rede tornara-se mais pesada. Ao puxá-la, viu que o peso era de uma estatueta de argila com a aparência de Nossa Senhora da Conceição, cuja cabeça estava faltando. O pescador jogou novamente sua rede que surpreendentemente trouxe a cabeça da pequena estátua de trinta centímetros de altura. Em seguida, os três pescadores voltaram a pescaar e, desta vez, suas redes encheram-se de peixes.
A devoção à Virgem de Aparecida está profundamente ligada ao sofrimento e à esperança das pessoas mais humildes e pobres do Brasil: a estátua encontrada era negra, da cor da pele dos escravos e, assim como suas vidas, estava quebrada. Além disso, o primeiro milagre da santa teria sido em benefício de um escravo negro chamado Zacarías.
Por cerca de quinze anos, a estátua de Nossa Senhora permaneceu na casa de Felipe Pedroso, atraindo cada vez mais a atenção dos fiéis. Em 1733, Pedroso deu a estátua ao filho, que mandou construir, em Itaguaçu, uma pequena capela. Não demorou muito para que o pequeno espaço não conseguisse comportar os peregrinos que procuravam a santa. Em 1745, o espaço foi ampliado, mas o fluxo de fiéis continuou a crescer, demandando igrejas cada vez maiores.
A atual basílica, consagrada em 1980 por João Paulo II, é um pouco menor do que a basílica do Vaticano e recebe anualmente a visita de cerca de 7 milhões de peregrinos. O Papa Bento XVI, em maio de 2007, saiu em peregrinação doando, ao santuário, uma rosa de ouro. O papa Francisco que esteve lá em 2013, durante a JMJ do Rio de Janeiro, comentou: “Quanta alegria me dá vir à casa da Mãe de cada brasileiro".
Em 2007, o Santuário de Aparecida foi cenário de um acontecimento fundamental para a Igreja latino-americana: a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, cuja Redação do Documento Final foi coordenada pelo próprio Jorge Mario Bergoglio. Ao lembrar da experiência, o Papa Francisco comentou que, naquela ocasião, os presidentes sentiram-se "encorajados, acompanhados e, em certo sentido, inspirados pelos milhares de peregrinos que confiavam diariamente suas vidas à Nossa Senhora", e concluiu afirmando: "esta Conferência representou um grande momento para a Igreja, o documento de Aparecida não termina ali, a verdadeira missão é a sua abertura".
Por fim, ontem, ao saudar um grupo de peregrinos brasileiros no final da audiência geral, o Papa comentou: "A história dos pescadores que encontraram separadamente o corpo e a cabeça da estátua de Nossa Senhora, para depois uni-los, nos faz pensar que, neste momento difícil para o Brasil, a Virgem Maria representa um símbolo da unidade fundada na solidariedade e na justiça".