Um gesto que certamente não se deveu ao impulso do momento, mas foi fruto e expressão de uma fé simples, madura e marcada pelo testemunho, como destacou o P. Pierluigi Cameroni, Postulador Geral das Causas dos Santos da Família Salesiana: "Akash viveu uma compromisso concreto de partir da fé para fazer crescer a paz, a convivência, a justiça, a misericórdia e assim estender o Reino de Deus no mundo. No silêncio e no anonimato, ele viveu plenamente o Evangelho, habitando o presente com dedicação e generosidade”.
Nascido em Risalpur, no Paquistão, em 22 de junho de 1994, Akash foi uma criança muito frágil, que sobreviveu com dificuldades a um clima desfavorável, pobreza e má nutrição. Tais fatores provavelmente influenciaram seu desenvolvimento: ele aprendeu a andar e falar somente aos quatro anos de idade e enfrentou um problema de gagueira que se arrastou até a pré-adolescência. Todavia, ao invés de desanimá-lo, tais dificuldades fortaleceram seu caráter. Em Risalpur Akash, recebeu os sacramentos do Batismo, Primeira Comunhão e Confirmação na igreja de São João. A proximidade de Risalpur com o Afeganistão e o aumento dos ataques terroristas em 2007 levaram os pais de Akash a emigrar para as zonas orientais do Paquistão, em Punjab, precisamente em Lahore, no distrito de Youhanabad, perto da família materna de Akash. Aqui o pai de Akash começou a trabalhar como pintor e, em 2008, a família toda se reuniu em Lahore.
"Em Lahore - explica o P. Cameroni - Akash frequentou o 'St. Dominic High School', a partir de 25 de setembro de 2008, mas acabou abandonando a escola devido à sua pouca propensão para os estudos e se matriculou na 'RCCM Community Boys Middle School' e, em setembro de 2010, no Centro Juvenil e Técnico 'Dom Bosco', fundado em 2000 para acolher os alunos que não eram admitidos nas escolas tradicionais. Akash frequentou o instituto até o dia 24 de fevereiro de 2011, mas não conseguiu passar nas provas finais".
Dos testemunhos recolhidos para a Causa de Beatificação, constatou-se que Akash era um jovem muito simples. O pai o recorda como um filho obediente, trabalhador humilde, paciente, sobretudo um jovem de fé forte.
Simpático e alegre, “costumava ter sempre um sorriso no rosto” e estava sempre disponível para ajudar. É assim que a Sra. Maryam Adrees, que foi sua professora e vizinha, se lembra dele: “Ele era um menino simples, caridoso e inocente. Era muito respeitoso com todos. Akash se preocupava com as coisas que aconteciam com os outros. Ele sempre respeitou os idosos e as crianças pequenas. Qualquer que fosse a tarefa que lhe fosse atribuída, ele a cumpria com o coração e a alma. Ele nunca fez injustiça a ninguém, pelo contrário, quando percebia que alguém estava sendo maltratado, reagia procurando fazer algo. Akash queria viver sua vida a serviço da família e da sociedade. Ele costumava ajudar as pessoas pobres e necessitadas com as coisas que tinha."
Até o Sr. Naveed – um oftalmologista a quem Akash foi com sua avó consertar seus óculos –, de fé muçulmana, lembra a atenção de Akash para com os pobres e necessitados: “Toda vez que via algum pobre, ficava triste; se não tinha nada para oferecer ou doar, rezava por eles. Embora às vezes sentisse fome, costumava dar sua comida aos outros."
"A breve, mas profunda experiência do espírito salesiano e do Sistema Preventivo que o anima - continua o Postulador - teve um impacto íntimo e profundo na formação do jovem Akash, que o levou a um maior conhecimento e a uma amizade reforçada com Cristo e com Maria, cuja estátua está presente em uma caverna no pátio da igreja paroquial de Youhanabad: Akash parou em frente a ela em oração antes de assumir o serviço".
Naquele domingo, 15 de março de 2015, Akash percebeu que um homem trazia explosivos sob a roupa e tentava entrar na igreja. Ele o segurou, falou com ele e procurou impedi-lo de entrar. Ao perceber que não poderia impedi-lo, o abraçou com força, dizendo: "Eu vou morrer, mas não vou deixar você entrar na igreja". Akash ofereceu sua vida salvando a de centenas de pessoas, meninos, meninas, mães, adolescentes e homens adultos que naquele momento estavam orando dentro da igreja.
“Akash tinha 20 anos – recorda o P. Cameroni -. Este fato deixou uma profunda impressão. A sua vida simples e normal é, sem dúvida, um exemplo muito significativo e importante para os jovens cristãos de Lahore, de todo o Paquistão e do mundo salesiano, testemunho do Sistema Preventivo de Dom Bosco, exemplo para os jovens e bênção para as minorias religiosas. Com o sacrifício de sua juventude, ele testemunha que com Jesus sempre se pode olhar para frente”.