Para os Salesianos, que trabalham com adolescentes e jovens, a pergunta é concreta e direta: quais os motivos que levam um adolescente a querer morrer? "É uma pergunta difícil, que nos desafia como sociedade, família, instituições, e como estado – explica Sonia Almada, especialista na área; onde estamos, nós adultos, que deveríamos proteger o bem-estar e o desenvolvimento dos adolescentes, mas que não sentimos seu sofrimento, opressão e tristeza?"
Em virtude do alto número de jovens deprimidos, que se automutilam ou, em casos extremos, tentam o suicídio, foi realizado o encontro sociofamiliar, que contou com a participação do P. Lício Vale, especialista em suicídio adolescente. Durante a reunião, dialogou-se franca e abertamente com os pais. "Foi um momento rico, porque tivemos a oportunidade de enfrentar vários tabus" – comentou Jonas de Camargo, Coordenador-Assistente do Centro Profissional.
O P. Lício desmistificou os conceitos de depressão, automutilação, intimidação e suicídio, e explicou a razão destas práticas e o papel da família em tais situações. Durante a apresentação, sublinhou três atitudes importantes a serem adotadas em caso de depressão: não julgar, acompanhar e buscar ajuda profissional. "Atitudes como banalizar acerca do que o adolescente está sentindo e agir como se a situação fosse 'normal', só reforçam o momento negativo por que o jovem está passando" – disse o especialista.
"Como adultos, precisamos prestar atenção e ter o cuidado de não subestimar as mudanças de comportamento e humor dos adolescentes – explica Celia Antonini – . Quando se trata de suicídio, é preciso acima de tudo desmistificar a frase: ‘quem diz que quer se matar não o faz’. Pessoas que se suicidam podem expressar sua intenção ou não”.
Nenhum adolescente quer morrer. Se um adolescente sente-se irremediavelmente sozinho e sem referência é porque ninguém o ouviu. Precisamos de educadores capazes de ouvir, acompanhar e ter a habilidade de olhar para o mundo interior dos adolescentes e jovens.