Muitas causas já são por demais conhecidas: divórcio dos pais; falta de instrução/educação; o fenômeno das “crianças-bruxas”; os abusos familiares; pobreza; más companhias… Mas – e é dramático verificá-lo – no mesmo instante em que a família perde a sua verdadeira missão, a rua lhes abre desmedidamente os braços para... acolhê-los. Mas a que preço...
De fato a rua não é seu lugar adequado: ali não se educam nem instruem como teriam direito, ficando expostos a todos os antivalores possíveis e imagináveis. Entretanto para eles a rua compensa... Todas as crianças que ali chegam – apesar dos inícios habitualmente difíceis e angustiantes – deparam-se com boa acolhida E uma vez sedimentados nessa realidade, fica-lhes difícil deixar. Muitas pessoas os lamentam e estão dispostas a ajudá-los. Mas essa caridade não os ajuda a deixar a rua: antes, acaba por estabilizá-los ainda mais.
A situação é ainda pior para as meninas e as jovens, que facilmente acabam na prostituição já na idade de 8 anos: traumas físicos e psicológicos marcá-las-ão para... sempre!
Quanto às drogas, quase 95% dos menores de rua, de um modo ou de outro, as utilizam. Aquela que mais nos chamou a atenção foi a ‘cola’ (cheirar cola...). Muitos deles giram sempre com uma garrafinha na mão: é a tal da cola. Pra cheirar o dia todo: meninas, meninos, todos juntos. Quando perguntamos ‘por quê?’, a maioria disse de querer estar mais lúcido, não querer sentir-se com vergonha de ter de pedir ‘esmola’; ou para ter mais força para trabalhar ou enfrentar as intempéries. Já para as meninas é sobretudo para chegar a aceitar o homem, quem quer que ele seja, e qualquer que seja a sua idade.
O mesmo ‘cheirar cola’: engendra dependência; gera todos os problemas das outras substâncias: incapacidade de controlar-lhes o uso (porta de acesso a outras drogas mais fortes); produz efeitos gravemente deletérios, quer no cérebro, quer nos neurotransmissores.
Nunca nos cansaremos de repetir: lugar de criança e adolescente é a família, nunca a rua.
Os Salesianos na Rep. Dem. do Congo trabalham duro para achar uma solução para esses(as)meninos(as) de rua. Graças também ao apoio de outras realidades (como “Samu Social Bakania-Ville” e a Rede salesiana “Obras Mamãe Margarida”...), empenham-se por chegar até esses menores, duas tardes por semana, propondo-lhes percursos de recuperação e reinserção social.