Kirsten Prestin
Como vão os jovens em Monróvia?
Os jovens sofrem, mais do que todos, as consequências da guerra decenal com os insurgentes e da crise do Ebola. O sistema educativo é considerado um dos piores do mundo, há corrupção entre as forças da ordem e no sistema judiciário, o sistema de saúde está falido, metade da população é atingida diretamente pela carestia... Poderia continuar. Encontrei muitas crianças que consomem drogas para fugir do próprio cotidiano. É terrível.
Do que os jovens mais precisam?
De pessoas que levem a sério os seus problemas, que os ajudem a enfrentar os conflitos de modo construtivo, de modelos comportamentais, de uma perspectiva de esperança e de muita atenção. Atenção que frequentemente não recebem, a ponto de cairem com facilidade num círculo vicioso de dependência das drogas, prostituição, crimes, doença e, enfim, desespero.
Precisam de pessoas que os apoiem: médicos, professores, educadores – bem formados – e ainda mais de um amigo como companheiro. E precisam também de escolas, espaços de formação e pátios.
Como os Salesianos podem ajudá-los?
Com as palavras do Papa Francisco, precisamos estar presentes nas periferias. Precisamos estar sempre com eles, nas situações belas e feias, de dia e de noite; precisamos tirá-los da rua e devolvê-los às suas famílias, levá-los da prisão à escola, da dependência das drogas a uma vida plena.
O que te dá força?
Certa vez vi no cemitério central de Monróvia, crianças que viviam nos túmulos porque não tinham um teto sobre a cabeça. Improvisamente, cruzei o olhar de um deles que me observava de um túmulo. Depois, sorriu-me, sem palavras, como um convite ao seu mundo. Que mensagem me foi dada através daquela criança, quando vi nele o próprio Cristo! Encontrei-O através da criança, no túmulo. Um dom de graça em meio a um sofrimento impensável.
Por ocasião do Natal “Missões Dom Bosco”, de Turim, lançou uma campanha de adoções à distância em vista do sustento por três anos de 20 crianças em dificuldade.
Fonte: www.donboscomission.de