Meu pai sempre foi o meu herói. Mesmo analfabeto, quis que os filhos estudassem. E enfrentou a vontade da família, que me queria dar como esposa aos 16 anos. E eis-me aqui, já tendo passado há tempo dos 18 anos, e ainda estudo – e sou muito feliz! É um grande passo para uma jovem tribal “adivasi”, filha de um pai analfabeto e proveniente de uma remota aldeia da floresta de Jharkhand.
Tomada a decisão de continuar os estudos, a questão seguinte era o que estudar. Aconselharam-me o DBSERI (Don Bosco Self-Employment Research Institute – Instituto Salesiano para a busca de trabalho por própria conta) em Mirpara, e eu optei por Engenharia Civil.
O DBSERI infunde confiança em nós mesmos, além de oferecer-nos competências sobre construções. Como alunos, começamos a perceber que podemos fazer um trabalho de qualidade e até mesmo criar, construir e administrar uma empresa de nossa propriedade. Algumas aulas referem-se ao modo de administrar uma pequena empresa. Ao mesmo tempo, outras atividades visam construir a nossa personalidade.
Estou cursando o último ano e observando a “Nariprise” do DBSERI, que significa “empresa de mulheres”, “Nariprise” é ainda muito pequena. Logo faremos algo maior e melhor. Não temos dinheiro para investir, mas investimos em nós mesmas e apostamos no nosso futuro.
Eu tenho vários sonhos. O primeiro é construir uma casa para mim. O segundo é ter a minha própria empresa de construções. Ganharei e darei trabalho a outros, sobretudo às mulheres. Também tenho um sonho pelas jovens da minha aldeia: as jovens não devem casar-se muito jovens.
Por ocasião do Dia Internacional das Meninas e das Jovens, recordemos que no mundo:
- a cada 5 minutos uma menina ou uma jovem morre devido a violências;
- 1 jovem sobre 4 casou-se antes de ter completado 18 anos;
- 63 milhões delas sofreram mutilações genais;
- 130 milhões delas não vão à escola (dados da UNESCO 2016).