Etiópia – Projeto ‘Global Solidarity Fund’ muda a vida de muitos migrantes e refugiados

20 setembro 2023
Foto ©: Vatican News

(ANS – Adis Abeba) – A recepção é a primeira fase do projeto piloto lançado, em Adis Abeba, pelo projeto ‘Global Solidarity Fund’, em colaboração com cinco Congregações religiosas. Pessoas deslocadas, pessoas repatriadas dos países árabes do Golfo, refugiados, pessoas marginalizadas e crianças em situação de rua da capital, são acolhidas pelas Missionárias da Caridade, pelo Serviço Jesuíta para os Refugiados e pelos Salesianos de Dom Bosco, para receber formação e poder procurar trabalho ou abrir o seu próprio negócio na Etiópia.

Mulheres e homens deslocados ou migrantes de toda a Etiópia, repatriados após emigrar, refugiados de outros países e pessoas vulneráveis, bem como crianças de rua são os beneficiários do projeto piloto iniciado no final de 2020 em Adis Abeba, graças à colaboração de várias congregações religiosas - femininas e masculinas - e pelo Global Solidarity Fund (GSF) – rede que catalisa colaborações em favor dos mais vulneráveis, reunindo entidades católicas e conexões sistêmicas com empresas, investidores, filântropos, organizações internacionais e governos.

Entre os deslocados das zonas rurais da Etiópia ou do Tigré que sofreram com a guerra civil (que só terminou no final de 2022), há muitas mulheres jovens, entre 18 e 25 anos, frequentemente com gravidez indesejada, acolhidas pelas Missionárias da Caridade de Santa Teresa de Calcutá, que oferecem assistência gratuita durante o parto. Na Casa de Caridade de Adis Abeba, onde podem dar à luz, elas permanecem durante três meses e as missionárias ensinam às jovens sobre como cuidar dos pequenos. Algumas não quereriam ficar com os filhos, mas as religiosas dedicam-se a acompanhá-las num caminho de consciência e preparação para a maternidade que, quase sempre, leva as jovens a aceitar sua inesperada gravidez. Religiosas e Assistentes sociais tentam, em seguida, compreender os interesses e aptidões das mães, antes de enviá-las para os centros, onde podem viver com seus filhos durante o período de formação.

De acordo com seus interesses, elas podem optar por cursos de design de moda, culinária, cuidados domésticos e informática, ministrados no Colégio Maria Auxiliadora das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA); pelos cursos de confecção em couro, fabricação de móveis e design gráfico, oferecidos pelos Salesianos do Centro Infantil Dom Bosco, ou pelos cursos de Corte e costura, de produção de roupa oferecidos pelo Colégio Sitam das Irmãs Ursulinas. Graças à formação recebida, elas rapidamente encontram emprego em pequenas empresas de vestuário em Adis Abeba, além de serem ajudadas a encontrar alojamento e a pagar o aluguel.

- Sememu Hibistu, migrante interna vinda de Debra Marcos, encontrou alojamento junto com outras trabalhadoras perto da empresa onde trabalha, uma vez que para ela, que perdeu uma perna devido a uma infecção quando tinha apenas 11 anos, os deslocamentos são mais difíceis.

- Derartu Karle, natural de Metu, Oromia, formada em gestão de turismo, pediu ajuda às Irmãs de Madre Teresa após ter sido vítima de violência e engravidado. Este ano, a jovem obteve a certificação ‘Cisco IT’ após concluir um curso no Mary Help College, das FMA, e agora trabalha como codificadora de dados numa Escola de estética, em Lewi, mora no Nigat Center com sua filha pequena.

- Endashaw Tesfaye, que veio do sul da Etiópia para Adis Abeba em busca de trabalho, graças às Missionárias da Caridade e ao projeto GSF, fez o curso de solda, no Centro Mekkanissa salesiano, e hoje supervisiona um laboratório. Ele mora sozinho, se esforça por pagar o aluguel; mas olha para o futuro com confiança.

O Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) é responsável pelo acolhimento dos mais vulneráveis: os Jesuítas oferecem cuidados de saúde de emergência, sustento, atividades recreativas, além de cursos de formação inicial e informal em inglês, informática e música. Eles também auxiliam na fase final do percurso: a formação empresarial e o trabalho independente.

O ‘Don Bosco Children Center’ é outro centro de formação salesiano incluído na rede intercongregacional. A entidade atua com migrantes, deslocados internos e crianças em situação de rua, recolhendo-os quase todas as manhãs com o micro-ônibus conduzido pelo P. Angelo Regazzo, ecônomo da comunidade, e incluindo-os no programa de primeiro contato “Come and see” (Vem e vê).

“Os migrantes e as crianças não têm dinheiro para ir à escola ou se formar – conta o P. Yohannes Menghistu, Diretor da Comunidade salesiana – . Aqui, eles podem estudar desde a manhã até as três da tarde. Antes, só podíamos oferecer um certificado e ajudá-los a procurar emprego; hoje, graças ao projeto GSF, eles têm muito mais oportunidades de emprego nas empresas e também podem ser ajudados a abrir o seu próprio negócio”.

Na esperança do consórcio, este projeto-piloto, que já levou tanto bem à vida de muitas pessoas, será agora transformado num projeto definitivo e estruturado, para poder prestar sistematicamente assistência às pessoas necessitadas.

Alessandro Di Bussolo

InfoANS

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