Conforme o P. José Miguel Núñez, Diretor do CNSPJ, este “tema de reflexão é necessário e urgente”. Durante o discurso de abertura, ele comentou que “o contexto atual nos desafia e, como Igreja, precisamos desenvolver uma reflexão para sermos influentes, para podermos acompanhar e iluminar os adolescentes e os jovens”. Com esse propósito, incentivou o desenvolvimento de uma proposta de educação afetivo-sexual que “emane de Jesus, do Evangelho, e possa dialogar com a cultura atual, sem perder o sentir com a Igreja”.
Em relação a este “sentir com a Igreja”, podemos citar as palavras de Dom Arturo Ros, Bispo Auxiliar de Valência e presidente da subcomissão para a infância e a juventude da Conferência Episcopal Espanhola. Para o prelado, nesta reflexão e proposta educativo-pastoral sobre a educação afetivo-sexual, "é preciso acordar" e as instituições eclesiais devem ser convidadas a "contribuir com criatividade e estarem atentas à realidade", para oferecer aos jovens uma resposta articulada em três eixos: acompanhamento – afeto - ensino ao amor a partir do Evangelho.
Por isso, ele sugeriu fortalecer a pastoral da escuta e estar no meio da vida dos adolescentes e jovens. Ele também insistiu na necessidade de educar ao afeto, "porque eles também precisam de afeto, mas de afeto verdadeiro e não manipulador"; e enfatizou que é preciso "ensiná-los a amar e a saber que são amados, estimulando e acompanhando processos em vez de impor rotas".
O primeiro discurso do dia foi ministrado pelo jesuíta P. Pablo Guerrero, que disse que a exortação apostólica do Papa Francisco ‘Amoris Laetitia’ ilumina a educação afetivo-sexual. Desta perspectiva, destacou algumas ideias, já presentes nos textos do Concílio Vaticano II, para resgatar o valor do corpo e um olhar positivo para a linguagem afetiva e sexual. Ele lembrou que o Papa insiste no fato de que, dentro das famílias, é necessário “reforçar a educação dos filhos”, uma educação gradual, para que cresçam “na capacidade de amar” e de expressar seu amor.
O evento prosseguiu com uma mesa redonda, moderada pelo salesiano P. Koldo Gutiérrez, da qual participaram o sexólogo dominicano P. Cosme Puerto, a Coordenadora de Orientação dos Salesianos da Inspetoria Espanha-Sao Tiago Maior (SSM), Irune López, e a Conselheira para a Orientação dos salesianos de Triana, Sofía Velasco. Os três ressaltaram que a educação afetivo-sexual ainda é uma questão pendente na Igreja, reafirmando o papel fundamental, mas subsidiário, da escola junto às famílias - as quais são as primeiras responsáveis pelos filhos.
Na parte da tarde, o jornalista do COPE, Ángel Expósito, entrevistou a filósofa e escritora, professora da Universidade de Oviedo, Amelia Valcárcel, que em divertido diálogo com o entrevistador abordou vários temas sobre a condição sexual do ser humano, a "anomia" (ausência de regras) que existe atualmente sobre o assunto, e que se reflete nas leis vigentes sobre as políticas de gênero, a influência perversa da pornografia na infância, a educação ética na família e na sala de aula por meio do exemplo, e a diferença entre feminismo e teoria ‘queer’.
Por fim, Javier de la Torre, docente da Universidade de Comillas, falou sobre como orientar a educação afetivo-sexual de adolescentes e jovens partindo de uma perspectiva cristã. Ele mencionou o Evangelho, descobrindo em Jesus um acolhimento e respeito absoluto pelas crianças, um tratamento respeitoso das mulheres e de sua dignidade - avançado para a época - uma tentativa de reconstruir as famílias e uma atitude misericordiosa centrada nas pessoas e não nas regras. Concluiu enfatizando que, nesta delicada questão, os adolescentes e jovens precisam dos adultos, de sua proximidade e, sobretudo, de seu exemplo.
Na conclusão, o P. Núñez comentou: “Foi um dia admirável, com palestrantes e falas excelentes, e u’a magnífica participação de educadores de diversas origens eclesiais. Após as reflexões, estamos convencidos de que devemos continuar a desenvolver uma abordagem educativa que, a partir da cultura em que vivemos, possa fazer emergir a antropologia cristã; com a intenção de influenciar, iluminar e acompanhar o crescimento e o amadurecimento de pessoas equilibradas e felizes”.
“Estou certo de que as diferentes perspectivas sobre as quais refletimos durante o dia contribuíram para enriquecer a nossa visão e nos estimularão a seguir amadurecendo propostas e itinerários concretos”, concluiu.
