Qual é o seu trabalho hoje?
As nossas escolas técnicas e até os internatos estão vazios, mas decidimos ficar ao lado da população local. Isto permite-nos prosseguir atividades em prol do empoderamento socioeconómico das mulheres, dos jovens, dos grupos vulneráveis.
Outra atividade que continuamos é a formação de professores sobre os temas da migração irregular, a fim de criar uma cultura de planejamento consciencioso do seu percurso educativo-profissional. Com a ajuda de benfeitores, distribuímos às famílias pobres ferramentas agrícolas, sementes, fertilizantes...
Finalmente, os meios de comunicação social permitem-nos oferecer subsídios para a formação espiritual e humana, e convidar para momentos de oração em comunhão espiritual. Ter continuado ao lado do povo ajuda-nos a preparar a pós-pandemia.
Um dos maiores problemas é o tráfico de menores: que resposta oferecem?
O fenômeno está infelizmente generalizado nesta região e se acompanha de outras atrocidades e violações: trabalho escravo, utilização de crianças-soldados, violências e exploração sexuais, comércio de órgãos humanos... No Gana, a Igreja Católica sempre foi um baluarte de defesa dos Direitos Humanos.
Nós, Salesianos, juntamente com a Igreja do Gana, Organizações civis e várias ONG, abrimos há três anos o "Centro de Proteção da Criança", em Ashaiman, que acolhe crianças recuperadas das mãos dos traficantes, para as ajudar, reeducar e, quando possível, devolver às suas famílias.
Que desafio representa a pandemia para a Fé?
Uma primeira impressão é que os católicos se deixaram surpreender pelas medidas de confinamento: poucos cristãos têm smartphones. E mesmo os que os têm não podem dispor de uma boa conexão à Internet. Viram-se, pois, a ter de rezar sozinhos em suas casas.
Houve casos originais de párocos que instalaram alto-falantes no território da paróquia: através desse meio transmitem o Terço, a Missa, os ensinamentos bíblicos e as informações sanitárias.
Muitos grupos católicos também doaram equipamentos hospitalares e alimentos para os necessitados do País.
Como sacerdote, partilho com simplicidade uma nova forma de existência; um forte apelo a viver a Missa como o coração da vida; uma "comunhão mística" com as Pessoas doentes; ser um facilitador de solidariedade...
Parece-me que a imagem pastoral mais eloquente possa ser a porta aberta das nossas Capelas de adoração ao Santíssimo Sacramento: nestes meses, essas portas colocaram-nos perante a presença constante de Cristo Eucarístico, que leva os nossos dramas terrenos direto ao coração do Pai.