A situação na Venezuela é bastante difícil. Como bem descrevem os jornalistas venezuelanos M. Castro e J. Lafuente, "as necessidades, como a fome, a falta de água e os contínuos cortes de energia elétrica... impõem-se à política nesta Venezuela devastada. Hoje, o venezuelano não vive, ele sobrevive".
Outra jornalista, Federica Bello, que escreve para La Voz e El Tiempo, contatou, por meio de "Missioni Don Bosco", o padre Rafael Andrés Borges, em Caracas, cuja voz atesta a gravidade da situação, mas também a esperança e a confiança em uma recuperação.
De uma paróquia em Caracas, que acaba de celebrar a festa de Dom Bosco, ele conta: "A Venezuela está passando por uma fase muito dolorosa... Sente-se o peso dos vinte anos de uma derrota social causada seja por uma grave turbulência política, com uma prática extremamente frágil da democracia, seja por um sério enfraquecimento moral. Estes elementos formam um solo fértil, negativo, favorável ao aumento de alguns vírus na vida social venezuelana. Em primeiro lugar, um desânimo generalizado que já domina a consciência do cidadão. O venezuelano, culturalmente alegre e entusiasta, tornou-se triste, temeroso e desconfiado, sem sonhos. Anarquia é outra 'doença' que se alastrou: no momento existem dois casos de governabilidade, uma delas prevista pela Constituição do país e outra que procura impor-se por meio de um regime usurpador. A situação atual transmite perigosos modelos de comportamento, como se a falta de respeito fosse uma prática a ser seguida. A anarquia vestiu-se de arrogância e violência. Tudo caminha de mãos dadas com a corrupção como modus operandi em todas as áreas da vida nacional".
"Neste difícil contexto social, político e econômico - continua o padre Borges - a Família Salesiana da Venezuela vem enfrentando o desafio de celebrar a santidade de Dom Bosco, mesmo em meio a tantas limitações vigentes de segurança econômica e social: um sinal de que as obras salesianas desta Venezuela continuam a apostar na justiça e na paz na democracia".