Ucrânia – A ajuda e acolhimento dos salesianos a deslocados que fogem do leste do país e se tornam os novos ‘paroquianos’ no oeste

29 abril 2022

(ANS - Leópolis) - A guerra continua a revelar diariamente sua violência brutal: assassinatos indiscriminados, estupros... Quase onze milhões de deslocados e quase cinco milhões de refugiados em países próximos à Ucrânia dão uma ideia da extensão desta tragédia humana. Os testemunhos das pessoas que conseguiram escapar são chocantes: como o da família de Anatoly e Rania, que, graças à ajuda dos salesianos, conseguiu escapar junto, com seus três filhos, da região leste de Lugansk e agora se encontram em segurança em Leópolis.

Anatoly e Rania são um jovem casal com três filhos 15, 8 e 6 anos. A família vivia na pacata vila de Toshinvka, na região de Lugansk, leste da Ucrânia. “Tínhamos planos para o futuro, cultivávamos a terra e criávamos pacificamente nossos filhos até que, no dia 24 de fevereiro, tudo mudou”, lembra Anatoly.

A família acordou com o barulho das explosões e toda a cidade foi tomada pelo medo, saindo em busca de farinha, açúcar, sal, óleo para poder fazer um estoque que durasse alguns dias, mas em uma semana não era possível encontrar nada além de especiarias. “Não tínhamos muita comida, mas ainda conseguíamos cozinhar alguma coisa, com nossos vizinhos, para as crianças, enquanto ouvíamos o estrondear das bombas caindo”, lembra Rania.

O dia 19 de março foi o pior de todos, o dia em que sua casa foi bombardeada. “Tudo tremia, nos jogamos no chão e nos vimos cercados por pedras, lascas de vidros... as crianças gritavam apavoradas... Procuramos acalmá-las porque achávamos que morreríamos ali. Foi terrível!”, conta o casal.

A partir daquele momento, o fato de ainda estarem vivos e o sonho de paz tornou-se o pensamento recorrente de todos. “Corremos para a escola rezando para que não caíssem mais bombas sobre nós. Nos alojamos no porão de uma escola, fria e sem janelas, que servia de abrigo”.

Unindo-se a outras famílias da aldeia vizinha de Lower, eles formaram um grupo muito próximo, unido pela adversidade comum, enquanto fora do abrigo tudo continuava terrível, entre explosões e barulho de aviões e helicópteros. Certo dia, porém, o missionário salesiano Oleh Ladnyuk chegou num furgão branco e distribuiu alimentos e velas. "Os rostos das crianças mudaram ao receber um simples biscoito, e nós, pais, também nos enchemos de esperança por ter recebido um pouco de comida", lembra Anatoly.

Todavia, no dia segunte, uma bomba caiu perto da escola e o grupo optou por procurar um lugar mais seguro. "Não tínhamos dinheiro nem meios", explicam. O diretor da escola, no entanto, conseguiu um ônibus para ajudar as famílias a fugirem: eram 40 pessoas. Eles viajaram 40 km até Zolotarívka, conseguindo vislumbrar apenas fumaça, morte, destruição. Ao chegar na estação, embarcaram num trem para Sloviansk e de lá, após vários dias de viagem pelo rumo do oeste, finalmente chegaram em Leópolis.

"Chegamos na estação de trem de Leópolis nas primeiras horas da manhã e eles nos acompanharam até o primeiro andar, onde tudo estava organizado para nos acolher e nos dar o de que precisávamos: cobertores, colchões, travesseiros... As crianças adormeceram, mas nós tínhamos tantas dúvidas: 'Para onde vamos agora? Sem trabalho, sem casa...”, diz Rania.

Todos permaneceram juntos como uma família e, na manhã seguinte, os salesianos voltaram para trazer um pouco de esperança às suas vidas. “Desta vez foi o P. Mykhaylo Chaban, que nos levou à casa salesiana e nos acomodou num quarto confortável. A recepção calorosa nos deu paz e somos muito gratos a todos que nos ajudaram durante todo esse tempo”, conclui Anatoly.

Leópolis, no oeste da Ucrânia, até agora é um lugar relativamente "seguro", muitas pessoas que precisam deixar as áreas mais perigosas do país, mas não querem ir para o exterior, dirigem-se para lá. No momento, os refugiados são tantos, que o governo está montando casas-contêineres para abrigar 10.000 famílias. Alguns deles estarão em nossos ambientes. Nesta cidade-container, cada família contará com uma pequena “casa” em um container especialmente equipado, com banheiro e cozinha móvel compartilhados.

Estas famílias serão os novos “paroquianos” e “alunos” dos salesianos.

InfoANS

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