Etiópia – A situação em Tigray: "Ricos e pobres batem à nossa porta todos os dias, implorando por comida para sobreviver"

15 março 2021

(ANS - Adua) - Já se passaram mais de quatro meses desde o início da guerra na região de Tigray, na Etiópia: uma terrível realidade que os meios de comunicação e agências de todo o mundo começam a noticiar. Os combates vêm devastando o norte da Etiópia desde o início de novembro, quando o governo iniciou um ataque militar contra a facção dominante na região de Tigray, alegando que as forças armadas daquela região haviam realizado um ataque à divisão norte do exército, dando início a um conflito que já causou milhares de mortes e destruição generalizada; já deixou mais de 2 milhões de deslocados internos e dezenas de milhares de refugiados no vizinho Sudão.

Além disso, a guerra aprofundou as tensões étnicas e criou uma imensa crise humanitária: 4,5 milhões de pessoas - a maioria da população de Tigray - necessitam urgentemente de assistência. A situação corre o risco de desestabilizar toda a região do Chifre da África.

Os salesianos do centro inspetorial de Addis Abeba conseguiram manter conversas telefônicas com alguns dos salesianos que se encontram na região de Tigray (que dirigem as obras de Macallè, Adigrat, Adua e Shire) e recolheram seus dolorosos testemunhos:

“Agradecemos a Deus por todas as graças, bênçãos, coragem e força que nos está dando durante o cumprimento da nossa caminhada neste período difícil e exigente que enfrentamos em Adua. Desde o início da guerra, em 4 de novembro de 2020, até hoje, muitas pessoas perderam a vida ou bens; muitos estão desabrigados; e milhares de pessoas fogem, tornando-se refugiadas ou deslocadas. Ricos e pobres batem à nossa porta todos os dias, implorando por comida para sobreviver.

Naquela noite de 20 de novembro de 2020 (data do início dos conflitos em Adua), muitos corpos sem vida jaziam pelas ruas e muitos feridos procuravam escapar da guerra. Estes meses têm sido sombrios, pois há mais de dois meses as pessoas estão sem luz, água, conexão, alimentação, etc. Damos graças a Deus por termos em nosso complexo um poço que pode beneficiar a milhares de pessoas.

No dia 3 de março de 2021 visitamos vários deslocados internos que fugiram de lugares distantes para Adua... Junto com as Missionárias da Caridade (MC) e as Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) visitamos cinco centros e conseguimos dar uma resposta imediata para ajudar necessitados.

- As Irmãs MC, FMA e os Salesianos estão trabalhando juntos na distribuição de pão para o sustento dos deslocados, cerca de 2.200-2.600 sanduíches diários.

- Os salesianos também estão se empenhando por doar alimentos aos necessitados, aos cegos e aos idosos próximos às suas obras.

- Eles também fornecem, ao centro de deslocados, alimentos e outros itens para que possam atender às suas necessidades básicas.

Enquanto isso, o número de pessoas deslocadas continua aumentando diariamente.

Agradecemos sinceramente ao ‘Escritório de Planejamento e Desenvolvimento’, dirigido pelo Sr. Cesare Bullo SDB, em Adis Abeba, pela grande contribuição que está dando às nossas casas no norte do país, com as quais podemos chegar a muitos pobres e deslocados, e ajudá-los nas necessidades básicas deste momento”.

As últimas estatísticas apontam 35.675 pessoas deslocadas apenas em Adua.

InfoANS

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