Como chegou ao Ultra? Como se sentiu? É um lugar adequado a um padre? São perguntas que foram feitas por muitas pessoas… Sim, fui ao festival Ultra, como fiz também no ano passado, com cerca de 50 jovens voluntários de todo o País. Vemos no Evangelho que fizeram também a Jesus perguntas semelhantes, e ele respondia com parábolas. Eu quero responder com 3 histórias, porque as histórias são mais convincentes do que as teorias.
A primeira: percebo uma jovem sentada sozinha na rua, como que abandonada. Aproximo-me, descubro que se chama Bethany, é irlandesa, está sozinha e passa mal. Levo-lhe um pouco de água, tomo-a sob o braço e levo-a à tenda de pronto-socorro, onde cuidam dela.
A segunda: 5 rapazes judeus vindos de Israel param para beber água conosco. Quando percebem que sou um padre, perguntam-me se acredito que os judeus ainda são um povo eleito. Respondo que sim, porque Deus não atraiçoa a sua palavra. Fazem-me perguntas sobre a História da Salvação de Israel e, afinal, rezamos juntos a célebre oração “Shemá Israel”, e um deles me convida para ir um dia a Israel.
A terceira: um jovem italiano aproxima-se de mim, beija minha mão, abraça-me e agradece-me por estar ali. Faço um sinal da cruz em sua testa e ele vai embora. Houve muitos outros episódios como este.
O Papa Francisco pede-nos para sair dos mosteiros e sacristias para criar a chamada “cultura do encontro”. Isso, para mim, significa estar aonde os jovens estão. No Ultra não ensinamos a doutrina, mas a colocamos em prática: demos de beber a quem tinha sede. Com alguns, também rezamos.
Enfim: Ultra é um lugar adequado a um padre? Recordo o episódio de Jesus com a Samaritana junto ao poço. Hoje, para nós ocidentais, não é um problema, mas naquela época era algo impensável e ofensivo, contudo Jesus rompeu todo tabu e expectativa social para dar Água Viva à Samaritana. Esse é motivo pelo qual fui ao Ultra.