Bélgica – Isaac Kimeli, Ex-aluno do Instituto Don Bosco de Hal e finalista olímpico do atletismo, diz: “Meu passado me tornou quem sou hoje”

(ANS – Hal) – O atleta belga Isaac Kimeli disputou duas finais olímpicas em Paris: as provas de 5.000 e os 10.000 metros. Na primeira, ficou em oitavo lugar, com 13'18"10. Isaac chegou à Bélgica aos 15 anos e foi acolhido pelos Salesianos em Hal, perto de Bruxelas. Em entrevista concedida a ‘Don Bosco Magazine’, reconstituiu a trajetória e o período passado na Escola salesiana.

De onde vem sua força de alma e caráter?

Nasci no Quênia. Aos quatro anos fui morar com meus avós. Minha mãe, que trabalhava num hotel de Mombassa, conheceu um belga e mudou-se com ele para a Bélgica e eu fiquei com meus sobrinhos e primos, numa casinha sem água nem luz. Minha mãe mandava dinheiro regularmente podendo crescer em condições favoráveis. Aos 15 anos, finalmente consegui os documentos para voltar a ela.

Como foi?

Nunca vou esquecer... Saí de um país onde fazia 25 graus e cheguei no dia 29 de dezembro com dois graus abaixo de zero. Não tinha amigos, as pessoas falavam uma língua diferente... Como poderia me comunicar com as pessoas ao meu redor? Era um grande problema: queria voltar para a África.

Depois disso você encontrou o seu caminho?

Sim, graças à escola. Passei alguns meses no Instituto Saint-Guido numa turma para recém-chegados e, assim que pude, fui para o Instituto Dom Bosco, de Hal, perto de Bruxelas. Optei pelo curso de assistência pessoal, uma escolha surpreendente para um rapaz: é que a maior parte dos alunos eram moças; mas eu não sabia disso. No Quênia cuidei do meu avô, que sofria de Alzheimer. Foi uma escolha sábia, sem a qual a minha carreira esportiva nunca teria deslanchado.

Você disse que queria ajudar as pessoas. É importante para você?

Quero ajudar e motivar as pessoas. Só se vive uma vez e há muito sofrimento e pobreza no mundo. Pouco depois de chegar à Bélgica, o meu avô morreu. Foi isso que me motivou a continuar. Quando fiz estágios em lares de idosos e hospitais, não apenas realizei o meu trabalho, mas conversei com os pacientes. Os professores entenderam isso e me incentivaram a fazê-lo. Eles me ajudaram nos meus estudos e também acompanharam meu progresso nos treinos: se interessaram pelas competições e me parabenizaram pelos sucessos.

Sua primeira corrida foi um fracasso...

Na escola, dávamos apenas uma volta no estádio. Eu não sabia que deviam ser quatro. Mas não é só isso: no dia anterior eu tinha comido muito e vestia calças compridas e lenço. Então, compreendi que só saber correr não era suficiente... Meu treinador disse que, se um dia eu quisesse participar das Olimpíadas, teria e mudar meu estilo de vida. Naquele dia eu disse a mim mesmo que seria possível.

Então a carreira de atleta não foi um sonho de infância?

Foi mais uma combinação de circunstâncias. Venho do Quênia, um país que produz muitos campeões de corrida. Quando eu era criança, víamos corredores de cross-country em uma pequena tela de computador, mas eu não sonhava com uma carreira esportiva. Eu só queria usar calçados como os atletas, e também estar no estádio, me movimentar... Aquele sonho se tornou realidade. Nunca esqueci o dia em que minha mãe me comprou o primeiro par: eu podia escolher; mas eu peguei o primeiro que vi. Nunca tinha usado calçado antes.

O que você quer dizer aos jovens?

Seja feliz com o que você tem; tem gente que não tem nada. No esporte, como na vida, há altos e baixos, mas as dificuldades fortalecem. Não duvide de você: acredite no seu sonho! Siga em frente!

E o que você gostaria de dizer a Dom Bosco?

Graças a Dom Bosco cheguei à escola, onde fiz meus primeiros amigos. Na realidade, os amigos daquela época são os mesmos de hoje e até os professores do Dom Bosco, de Hal, ainda são meus amigos. Foi na escola salesiana que começou a minha carreira. Meu passado me tornou quem sou.

Assista a entrevista completa aqui.

InfoANS

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