A área onde o senhor trabalha é muito perigosa? O senhor é um dos sobreviventes dos atentados de Burkina Faso em que perderam a vida os salesianos César Fernández e Fernando Hernández...
Sim, é uma região muito complicada. Lidamos com terroristas, grupos radicais que se formaram principalmente na Arábia Saudita, Kuwait, em áreas mais a leste, na Líbia: são pessoas que querem conquistar tudo. Controlá-los é difícil e resolver o problema é igualmente complicado. Eles atacam e recuam. Apesar de tudo, o trabalho dos Salesianos não mudou: educamos os jovens, cuidamos das nossas escolas e paróquias, e cuidamos dos cristãos.
O Covid-19 teve impacto diferente na África e na Europa?
Na África Ocidental, o Covid-19 não teve o mesmo impacto que na Europa. O Senegal, por exemplo, tem 16 milhões de habitantes e apresentou 44.000 infectados e 1.000 mortos desde o início da pandemia. No país, foram imediatamente tomadas medidas de contenção: ‘lockdowns’, toques de recolher, fechamento de igrejas, escolas e mesquitas. Tudo permaneceu fechado durante um tempo. Não celebramos a Páscoa nem o Natal, pois nossos bispos foram muito cautelosos. Aos poucos, as medidas foram relaxando e pudemos reabrir as escolas, sempre tomando todos os cuidados necessários para proteger alunos e professores.
O que o senhor pode nos dizer sobre a presença em Thies?
Thies é a terceira maior cidade do Senegal. Fica a 65 quilômetros de Dakar. A obra salesiana conta com apenas uma paróquia, cuja frequência não chega a 500 pessoas. Mas precisamos lembrar que estamos num país eminentemente muçulmano e no bairro mais muçulmano da cidade. Há também uma escola secundária e uma escola de formação profissional, que atendem a um total de 400 alunos. Estamos prestes a construir uma nova escola secundária. Com a ajuda do Reitor-Mor e de ‘Missões Salesianas’, conseguimos arrecadar o dinheiro necessário para a compra do terreno e a construção do muro que o cerca. O restante do dinheiro certamente virá. Assim, poderemos melhorar a oferta do centro e da escola profissional.
A entrevista completa, em espanhol, está aqui.