A vocação salesiana está fortemente ligada ao chamado de Deus para dedicar-se aos jovens. É através deles que Deus chama, como disse o P. George Wadie: "Cheguei a conhecer Don Bosco através do oratório". E, precisamente no momento em que a escola e o oratório permanecem fechados, que se sente a dor da separação; ou, melhor ainda, usando uma expressão do P. Pedro García, eles surgem como "um ‘uadi’ do deserto (leito vazio de um pré-existente curso d’água, NdR): ocupa um grande espaço, mas está sem sua linfa".
"O dia mudou tanto – continua o P. Wadie – que se tornou destituído da coisa mais bela. A nossa missão é estar entre e para os jovens".
"Sem jovens e sem oratório não me sinto Salesiano de Dom Bosco!" – é o pranto partilhado pelo P. George Al Mouallem. Apesar disso, segundo o P. García, neste contexto, "a necessidade de estarmos juntos, de caminharmos lado a lado persiste... aproveitando das possibilidades oferecidas pelas novas tecnologias".
A presença salesiana no Egito sempre se caracterizou pela incisividade e discrição: construir uma civilização responsável educando os corações dos jovens egípcios e não tentando mudar as suas estruturas temporais: um compromisso renovado mesmo em tempos de pandemia. O P. García diz, de facto: "Não fomos chamados para resolver os problemas do universo, mas temos estado envolvidos em continuar a espalhar o Reino do Pai, ali, onde todos estão". E eis aí, então, o contato diário através de uma canção, de uma oração, de uma foto, como as enviadas aos seus rapazes pelo P. Al Mouallem...
Nesta atmosfera ressoa o convite do P. Luca Pellicciotta à "esperança acompanhada pela responsabilidade, pelo empenho pessoal e pela leitura sapiencial da história que se vive", para "compreender a vontade de Deus" à luz da nossa "experiência terrena" pessoal.
E este é o apelo final que os quatro interlocutores quiseram, idealmente, dirigir a Martin e a todos os seus coetâneos egípcios: não abandonar-se à suficiência; renovar um empenho capaz de mudar a história; não fazer de Deus, seja qual for o seu nome, uma estrutura... vazia. Pelo contrário, como fortemente enfatizou o P. Pellicciotta, continuar a sonhar: "O maior presente que podemos receber de Deus é sonhar com uma vida feliz, santa, boa. É por isso que a presença de Deus – a verdadeira, a concreta – é importante. Desejem Deus, meus caros jovens!"
Martin Milad Wadie com a colaboração de Antonio Nucera