Um ano depois da visita do Papa Francisco, que ficou da viagem e como o desenvolveram?
Antes de tudo deixou-nos uma lembrança inenarrável. A lembrança de uma experiência de comunhão eclesial extraordinária, a lembrança de um povo marroquino, Autoridades à frente, feliz por receber o Santo Padre. A nós, a visita trouxe as indicações que o Papa nos deixou nas suas diversas falas, assim como o discurso de Sua Majestade o Rei, extraordinário no conteúdo e na forma.
A visita do Papa nos trouxe o empenho de orientar a nossa vida cristã pela linha de quanto o Papa ensinou-nos com suas palavras, mas também com os seus gestos, com o seu testemunho, com o seu exemplo.
A missão do Sucessor de Pedro é “confirmar os irmãos na Fé”. E o Papa Francisco o tem feito abundantemente conosco. Nós nos temos sentido compreendidos, apoiados, valorizados, amados.
Há uma mensagem do Papa Francisco que ficou especialmente gravada na Igreja do Marrocos?
Há várias coisas que ficaram impressas. A primeira é que o sermos poucos não é um problema. Problema sim é ser sal que perdeu o sabor ou luz que não mais ilumina. O segundo é que a nossa Igreja deve cumprir a sua missão de evangelizar: não com o proselitismo, mas através do testemunho, do diálogo inter-religioso.
Portanto, que a dimensão samaritana da nossa Igreja (e de toda a Igreja universal) é fundamental e faz parte da sua identidade e missão.
Há uma recomendação do Papa Francisco que mais ficou impressa?
Eu disse ao Papa que no Marrocos, preferimos não falar de “migrantes”, mas de “pessoas em situação de migração” ou “pessoas migrantes”. E ele me disse mais ou menos assim: “Sim, sim! Deve ser mesmo assim. Porque infelizmente estamos instalados numa cultura do adjetivo, que etiqueta e define as pessoas através de uma característica: homossexual, migrante, político… Há que passar a uma cultura do substantivo, na qual vemos, sobretudo, o ser humano na sua profunda identidade, na sua substantividade. O vemos como pessoa, como irmão…, mas para além das qualificações que lhe possam convir, para que se lhe não diminua em nada a sua dignidade fundamental”.