EDITORIAL
O Papa Francisco em sua carta para a Quaresma deste ano faz um apelo a ser generosos com os necessitados, orientando que a generosidade nos leve a dar não o que nos sobra, mas a dar do nosso. Neste sentido, o exemplo de Chuck Feeney, homem de 85 anos, que doou toda a sua fortuna para obras de caridade aplica-se a frase: “Não repartiu migalhas. Deu o pão inteiro”.
O Papa Francisco é certamente um dos maiores líderes do nosso tempo. Se prescindir de suas falas será impossível a um crente compreender o contexto geopolítico e social em que vive. É um Pontífice sumamente inovador: por isso não só surpreende por seu magistério impregnado do viço do Evangelho; também espanta e ‘escandaliza’ a muitos.
Zygmunt Bauman, sociólogo e filósofo polonês recém-desaparecido, sublinhava dois aspectos característicos da nossa sociedade, sendo o primeiro ligado à precariedade: “A vida... líquida é uma vida precária, vivida em condições de constante incerteza. As preocupações mais prementes, persistentes, que perturbam esta vida, são as que derivam do temor de sermos surpreendidos... desprevenidamente; de não mais estar em condições de acompanhar os acontecimentos, que já se movem vorticosamente; e de sermos deixados para trás”.
Os tempos atuais são tempos de crise, que apresentam situações lamentavelmente contrastantes com a mensagem da festa do Natal e que naturalmente desmoralizam a muitos. A mensagem do Evangelho convida-nos a celebrar o Natal com uma visão diversa da realidade e a encher-nos de esperança diante dos tempos que estamos a viver e o expressamos em nossos cumprimentos natalícios nos quais desejamos a nossos amigos, por exemplo, “A Luz de Cristo nos ilumina”, “Que o mistério de amor inunde nossas vidas”, “A grande festa a compartilhar”.
Estas frases que repetimos ano após ano devem ser entendidas em seu significado real.