por padre. Thomas Anchukandam, SDB
Os Atos o apresentam como Aquele que andava fazendo o bem (10,38) e proclamando a Boa Nova da libertação (Lc 4, 14 e ss). Em linha com sua abordagem, pediu aos seus discípulos que imitassem, não tanto os escribas e fariseus, mas o Samaritano (Lucas 10:37) e mostrava-se claramente contrário às orações ostensivas e detalhadas (Mt 6,5-7), afirmando que Deus prefere a busca silenciosa da sua vontade, longe da multidão e no silêncio da noite (Mt 4,2, Mc 1,35, Lc 6,12 etc.).
Da própria vida de Dom Bosco, é evidente que uma autêntica espiritualidade não exige longas horas de oração ou de "exercícios espirituais" que sugam energias. De fato, ouvir o "grito dos jovens necessitados" impediria tal abordagem. A "espiritualidade visível", que seria normalmente esperada, era tão ausente em sua vida que o "advogado do diabo", durante o processo de canonização, atreveu-se a perguntar: "Mas quando orava Dom Bosco?" Este comentário, por sua vez, deu origem a essa resposta espontânea do Papa Pio XI: "Mas quando Dom Bosco não orou?"
O Papa tinha entendido muito bem que a essência da santidade de Dom Bosco era a sua união constante com Deus e que seu pensamento constante era a busca e a realização da vontade de Deu, ou seja, o bem-estar total dos jovens que estavam em seu alcance. O próprio Dom Bosco manifestou esta abordagem quando disse: "Por vocês eu estudo, por vocês eu trabalho, por vocês eu vivo, por vocês eu também estou disposto a dar a minha vida".
Seus sonhos, que faziam parte de sua vida e sua missão, eram apenas expressões dessa sua apaixonada e, por assim dizer, desejo obsessivo de buscar e fazer a vontade de Deus. A sua era, na verdade, uma espiritualidade que resultou em uma energia interior fazendo, do amor por Deus e pelo próximo, uma unidade inseparável, inspirada pelo Evangelho.
O desafio para os salesianos de hoje é serem como Dom Bosco, buscadores assíduos da vontade de Deus e capazes de se mostrarem autênticos sinais e portadores do amor universal do Pai.