Tunísia – O trabalho dos Salesianos no Magreb
Featured

03 julho 2024

(ANS – Manouba) – Os salesianos estão presentes em 136 países ao redor do mundo, incluindo vários países no norte da África: ali uma nova Circunscrição abrangendo a Tunísia, o Marrocos e a Argélia foi criada no ano passado.

Quando entramos em contato com o salesiano missionário P. Domingos Paternò, a fim de pedir-lhe que compartilhasse conosco alguns tópicos da presença salesiana no Norte da África, ele quis começar com uma reflexão sobre o Mar Mediterrâneo:

O Mediterrâneo não é apenas um mar geograficamente muito conhecido, mas é um verdadeiro berço de civilizações que cresceram ao seu redor ao longo dos milênios, dando a toda a humanidade contribuições de culturas, conhecimentos, experiências humanas, sociais e políticas ainda hoje objeto de estudo e investigação.

Todos os países banhados pelo que os romanos chamavam ‘Mare Nostrum’ [Nosso Mar] têm uma história mui rica e são todos portadores, de várias formas, de importantes riquezas naturais e culturais.

Além disso, o Mediterrâneo, a fronteira natural entre a Europa e a África, tem uma importância geopolítica e estratégica significativa.

Se atravessarmos o Mediterrâneo a partir da Europa, chegaremos ao Magreb, uma região ao norte da África que está se tornando cada vez mais familiarizada com o carisma de Dom Bosco. No ano passado, de fato, a Circunscrição Especial do Norte da África (CNA) foi oficialmente criada em 28 de agosto, festa de Santo Agostinho, e a Ele foi dedicada. (Inclui Marrocos, Argélia e Tunísia: uma nova fronteira missionária, cheia de desafios e oportunidades.)

O Magreb tem claras raízes romanas, clássicas; era chamado de ‘Afriquia’, dando assim nome a todo o Continente que começa aqui. Os filhos de Dom Bosco, que, aliás, estão presentes em quase todos os países que fazem fronteira com o Mediterrâneo – tanto criaram a Região ‘Mediterrânea’ da Congregação – decidiram recentemente desenvolver sua presença e seu serviço entre os jovens desses países. O Magreb não é “a parte errada” do Mediterrâneo, como dizem as pessoas mal informadas; é, ao contrário, uma área geográfica, humana e cultural que nunca se acaba de... descobrir e apreciar!

Os salesianos estão interessados na educação dos muitos jovens que afluem a esses países: a população com menos de 25 anos de idade é quase 50% da população total. São, portanto, países ricos em esperança e futuro. O objetivo dos salesianos e de seus colaboradores é apoiar e desenvolver o sonho de tais jovens.

Um ‘sonho que faz sonhar’ nos indica a Estreia do nosso Reitor-Mor deste ano, recordando o Bicentenário do ‘Sonho dos Nove Anos’ de Dom Bosco; e se isso é verdade na vida salesiana em toda parte, no Magreb é ainda mais verdadeiro e significativo. A presença atual dos filhos de Dom Bosco quer concretizar e implementar o sonho do Fundador e fazer com que os ‘lobos’ se tornem ‘cordeiros’ não só pacíficos mas também construtores de paz e de desenvolvimento. E assim, embora tenhamos religiões diferentes, cristãos e muçulmanos, todos descendentes de Abraão, nos encontramos caminhando juntos para o bem dos jovens e das famílias do nosso entorno e de todos nós. A escola, o oratório, a formação no trabalho, o pátio, a formação humana e religiosa, a partilha das alegrias e das tristezas, o conhecimento recíproco e a dignidade que cada um reconhece no outro, o espírito de família e de colaboração - tudo isso nos ajuda a caminhar juntos e a fazer concretamente o bem a todos.

Qual é o objetivo dos salesianos que trabalham nesses países?

A essa pergunta, a resposta é muito simples: no Magreb, os filhos e as filhas de Dom Bosco lutam todos os dias pelo bem comum, ou seja, para se tornarem, como queria Dom Bosco, ‘cidadãos honestos’ e ‘bons crentes’, cada qual em sua própria fé, sem renunciar ao testemunho de vida cristã, respeitando a cultura e a religião dos outros”.

Mesmo com alguns elementos comuns, cada país tem suas peculiaridades que o distinguem.

No Marrocos, os salesianos estão presentes desde 1950 em Kenitra, uma grande cidade na costa atlântica entre Rabat e Tânger.

Não falta trabalho nos campos da educação, recreação e acolhimento da fé. Os salesianos administram escolas de vários níveis e tipos: uma escola primária, uma escola secundária e um centro de treinamento profissional. Isso responde à necessidade de educação e emprego de muitos jovens marroquinos para lhes dar mais oportunidades na vida.

Além disso, muitas atividades esportivas e associativas são organizadas de acordo com o Sistema Preventivo de Dom Bosco.

A Paróquia de Cristo Rei apoia a fé da minoria cristã e é frequentada principalmente por jovens estudantes africanos que estudam no Marrocos e por europeus que estão na cidade. Outros trabalhos específicos incluem duas casas para jovens migrantes, um lar para crianças e treinamento profissional para meninas. Todas essas iniciativas envolvem mais de 1.500 pessoas, incluindo crianças, funcionários, famílias e outros beneficiários, que são, com exceção da paróquia, todos muçulmanos e todos unidos no estilo Dom Bosco de família inclusiva e ajuda mútua. A presença salesiana no Marrocos tem um ponto de referência no Arcebispo de Rabat, o Cardeal salesiano Dom Cristóbal López Romero, ex-missionário no Paraguai antes de ir ao Marrocos de 2003 a 2011 e retornar depois de nove anos como pároco da Arquidiocese. Até o ano passado, o Marrocos era confiado à Inspetoria da França (FRB, anteriormente FPA e FRA). Além das pessoas, a experiência intercultural também é vivida na comunidade salesiana, composta por quatro sacerdotes da França, Espanha, Polônia e República Democrática do Congo.

Outro país do Magreb com duas presenças salesianas é a Tunísia, onde, em Manouba e Túnis, os Salesianos dirigem duas escolas primárias, uma escola secundária, um nascente centro de formação profissional, dois oratórios, atividades de colaboração com a Igreja local, uma paróquia em Hammamet para residentes italianos e europeus e outras iniciativas especiais. É uma presença crescente, à qual recentemente foram confiados novos missionários, também de diferentes países: Itália, Síria, Líbano, Espanha, República Democrática do Congo, Chade.

É uma experiência de família e, em particular, da Família Salesiana, com duas comunidades de Filhas de Maria Auxiliadora, os “Amigos de Dom Bosco” (grupo de leigos muçulmanos próximos ao carisma de Dom Bosco) e muitos Leigos envolvidos em várias funções. A esperança é estabelecer também um grupo de Salesianos Cooperadores. Um total de pelo menos 3.000 pessoas está envolvido no trabalho educacional. Até o ano passado, a Inspetoria da Sicília cuidava da presença salesiana na Tunísia, e o P. Domingos Paternò, originário de Messina, que chegou a Manouba há mais de dez anos, foi nomeado superior.

Isso nos leva ao último país, uma das mais novas fronteiras missionárias da Congregação Salesiana, que ainda está sendo definida em termos de detalhes sobre locais e pessoal: a Argélia, aonde os primeiros salesianos chegarão em breve.

Na verdade, é preciso dizer que a Argélia foi o primeiro país da África em que os salesianos desembarcaram, já no século XIX, em 1891, em Oran, onde havia um oratório. Posteriormente, houve mais dois inícios na capital Argel, mas, depois de vários anos, a situação política instável e hostil não permitiu que o trabalho continuasse; e forçou o fechamento definitivo da Obra em 1976. Assim, os salesianos responderam ao convite do Arcebispo de Argel depois de vários anos de diálogo e estudo.

Além desse quadro da presença salesiana no Magreb, há muitas atividades com as comunidades religiosas e a sociedade civil nas quais os salesianos estão envolvidos. Por uma questão de completude e seriedade de informação, não podemos esquecer os problemas que existem e que, certamente, também dão motivos para dificuldades que nem sempre podem ser superadas. Baste pensar na língua, que não é fácil, no contexto socioeconômico bastante frágil, muitas vezes devido à política internacional, nas famílias em dificuldade, no desemprego juvenil - o grande flagelo de toda a região - , na ausência de políticas juvenis eficazes e capazes de oferecer um futuro. Mas, apesar dos inegáveis desafios, é grande a possibilidade e a esperança de um desenvolvimento positivo, não apenas econômico mas também humano e social. Às vezes, há sinais de intolerância e radicalismo irracional. Mas esses são fenômenos muito pequenos. São sociedades jovens e, portanto, abertas ao futuro, “mais futuro do que passado”, como costumava dizer o P. Egídio Viganò.

Nos últimos meses, a Circunscrição Especial do Norte da África viveu as sessões do primeiro Capítulo Inspetorial sobre o tema do Capítulo Geral 29: “Apaixonados por Jesus Cristo, dedicados aos jovens. Por uma vivência fiel e profética da nossa vocação salesiana”. O P. Domingos Paternò sublinhou como é uma graça viver este momento depois de poucos meses de existência da Circunscrição. Os capitulares redigiram o Diretório Inspetorial Salesiano e o Projeto Educativo Pastoral Salesiano - primeiros passos fundamentais para o futuro desenvolvimento da presença salesiana.

Na última expedição missionária salesiana, dois salesianos foram designados para a Circunscrição do Norte da África: os salesianos coadjutores Sres. Joseph Ngo Duc Thuan (do Vietnã) e Kerwin Valeroso (das Filipinas), atualmente na França, em Paris, para estudar a língua francesa.

A Congregação Salesiana, guiada pelo Espírito Santo, acolhe com coragem e determinação o desafio dessas novas fronteiras e está disposta a apostar nelas para dar um renovado entusiasmo missionário e chegar cada vez mais aos jovens pobres e abandonados em todas as partes do mundo.

Fonte: Boletim Salesiano Online

InfoANS

ANS - “Agência iNfo Salesiana” - é um periódico plurissemanal telemático, órgão de comunicação da Congregação Salesiana, inscrito no Registro da Imprensa do Tribunal de Roma, n. 153/2007. 

Este sítio utiliza ‘cookies’ também de terceiros, para melhorar a experiência do usuário e para fins estatísticos. Escorrendo esta página ou clicando em qualquer de seus elementos, aceita o uso dos ‘cookies’. Para saber mais ou negar o consentimento, clique na tecla "Mais informações".