RMG – A comunicação 60 anos após o Inter Mirifica
Featured

14 maio 2024

(ANS - Roma) – No dia 14 de dezembro de 1963, foi promulgado o Decreto conciliar Inter Mirifica, sobre os instrumentos de comunicação social. O título já apontava com admiração para o campo da comunicação, encorajando a Igreja a apoiar a mídia, o que era considerado bom e correto.

Entre outras coisas, ele conclamava os fiéis a educar os jovens para que fizessem uso moderado e disciplinado de tais instrumentos. O documento, inspirado sobretudo pelo estudioso jesuíta Enrico Baragli, teve o grande mérito de enfocar o tema da comunicação como fato formativo e educativo, sugerindo uma série de iniciativas, como a celebração anual do Dia da Comunicação, cursos de atualização para padres e educadores e a criação de comissões especiais.

Sessenta anos depois, o documento encontra-se quase totalmente ignorado, embora tenha sido possível, por meio dos temas anuais dos dias dedicados à comunicação, aprofundar alguns aspectos do mesmo tópico. De fato, desde o início, não faltaram críticas ao próprio documento, dizendo que o mesmo se concentrava demais nas ferramentas, como se bastasse dar corda no relógio e partir, negligenciando o que ocorreria imediatamente depois com os insights de McLuhan sobre comunicação e mensagem ou a sociedade líquida de Zygmunt Bauman.

Foi somente na celebração do quinto dia, em 23 de maio de 1971, que tivemos a Communio et Progressio, uma instrução pastoral que completou o decreto, soldando a relação da mídia com o mundo da cultura. Depois, vieram outros documentos, como Aetatis Novae, em 22 de fevereiro de 1992, "Ética da Publicidade", em 22 de fevereiro de 1997, "Para uma Pastoral da Cultura", em 23 de maio de 1999, e "A Igreja e a Internet", em 28 de fevereiro de 2002.

O que podemos dizer, voltando atrás para olhar para o futuro? Claro, observar o mundo dos jovens que conversam por mensagem sem qualquer restrição que convide ao uso moderado das ferramentas nos faz sorrir com certa tristeza. Hoje, basta um aplicativo no Google para constatar, na prática, o alcance da IA, Inteligência Artificial, no desdobramento de um tema qualquer. Hoje, em parte, temos os mesmos problemas de ontem: a comunicação, com todas as suas mensagens e idiomas, é um fato cultural e deve ser tratada como tal.

Caso contrário, corremos atrás apenas de invenções e ferramentas. O fim do jornalismo impresso, se corresponder ao fim da dimensão social do jornalismo autêntico, é um caminho errado. Qual é o sentido da comunicação social se esta não fizer referência ao indivíduo e a seus direitos e à sociedade? Os alegres devotos do jornalismo livre devem ser lembrados que a comunicação aberta, sem respeito às características linguísticas e à centralidade do ser humano, nos leva ao determinismo das ditaduras ou à superficialidade.

Sem dúvida, na década de 1960 do século passado o Inter Mirifica já havia fotografado a situação. Hoje, olhamos para frente, mas prestando atenção aos parâmetros da nossa comunicação sabendo que, do outro lado, há sempre uma pessoa humana.

InfoANS

ANS - “Agência iNfo Salesiana” - é um periódico plurissemanal telemático, órgão de comunicação da Congregação Salesiana, inscrito no Registro da Imprensa do Tribunal de Roma, n. 153/2007. 

Este sítio utiliza ‘cookies’ também de terceiros, para melhorar a experiência do usuário e para fins estatísticos. Escorrendo esta página ou clicando em qualquer de seus elementos, aceita o uso dos ‘cookies’. Para saber mais ou negar o consentimento, clique na tecla "Mais informações".