ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA PEQUENA VIA DE SANTA TERESINHA NA EDUCAÇÃO
Se há uma expressão que melhor caracteriza a espiritualidade de Santa Teresa do Menino Jesus é a da “Pequena Via”. Vejamos, portanto, as suas características aplicadas à educação.
1. Amor
Não se educa por programa ou por princípio, mas apenas por amor. Dom Bosco gostava de dizer aos seus discípulos: “O importante não é que os jovens sejam amados, mas que saibam que são amados”.
Esta foi a base da atitude educativa de Teresa. E, quando precisava corrigir um ou outro comportamento (o que lhe custava muito; de fato ela costumava dizer: “Prefiro ser repreendida a repreender”), ela não se intimidava. “Preciso cumprir o meu dever”, dizia; mas demonstrava, com a sua benevolência, que cumpria essa tarefa com amor.
2. Humildade
Se o amor é o fundamento da “pequena via” teresiana, a humildade é o seu motor.
A humildade, a mais humilde das virtudes – tanto que quem diz “sou humilde” já não é humilde – é uma virtude a ser conquistada, e o seu Anjo da Guarda, com quem Santa Teresa tinha uma relação muito próxima, regozijava-se com o seu progresso. “Quanto mais me vês humilde e pequena, mais radiante fica a tua face”, escreveu num de seus poemas.
Esta humildade levou Teresa, ao perceber a magnitude da tarefa que a esperava (recordamos que aos 20 anos já era responsável pela formação das noviças), a colocar-se nos braços de Deus, imitando os pequenos "que, quando dominados por algum medo, escondem suas cabecinhas nos ombros do pai”.
Esta humildade levou-a, como já vimos na correspondência com sua prima, a nunca julgar a criança ou adolescente que se comportou mal, mas a convidá-lo a responder ao amor de Jesus.
3. Doçura
Com a humildade vem necessariamente a doçura. “Aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29).
A mansidão, longe de ser sinônimo de fraqueza, é, pelo contrário, uma força tranquila, cheia de paciência e doçura. É sinônimo de acolhimento, respeito e abertura.
Para Dom Bosco, cujo propósito no dia da ordenação sacerdotal foi: “a caridade e a doçura de São Francisco de Sales me guiarão em tudo”, a doçura era e foi a primeira qualidade de um educador.
Quantas vezes percebi, no exercício da minha profissão de educador especializado, que um jovem que se teria rebelado com força, caso se sentisse atacado por um olhar de desprezo, não consegue resistir à doçura de um olhar que lhe é dirigido, não para julgá-lo, mas para amá-lo!
A doçura caracterizou a “pequena via” educativa de Santa Teresa. Ela a aprendeu na vida em família, onde a figura de São Francisco de Sales estava sempre presente (lembramos que uma de suas tias era Irmã da Visitação de Santa Maria, ordem fundada por São Francisco de Sales e Santa Joana Francisca Frémiot de Chantal). Seu pai costumava dizer: “Seguindo o exemplo de São Francisco de Sales, ela conseguiu controlar sua vivacidade natural a tal ponto que parecia ter a natureza mais doce do mundo”.
4. Confiança
Se tivesse que resumir numa só palavra esta “pequena via” na educação, escolheria “confiança”, porque é o termo que caracteriza a atitude de Teresa, que sempre citava imagem da criança pequena, que só pode confiar.
Para Dom Bosco, confiança era a palavra-chave na educação. “Sem confiança não há educação”, gostava de dizer aos seus discípulos. E vimos até que ponto Teresa, ao acompanhar as noviças, se preocupava, acima de tudo, em estabelecer uma relação de confiança com cada uma delas.
CONCLUSÕES
“Mostre seu amor, seja humilde, seja doce, seja confiante”: quão relevantes são estes quatro pontos que distinguem o “jeitinho” teresiano de enfrentar o desafio de educar crianças e adolescentes hoje.
É possível reconhecer a influência de São Francisco de Sales, que deixou a sua marca tanto em Dom Bosco quanto em Santa Teresa. Concluo com a comparação que Teresa faz entre o educador e o jardineiro - Dom Bosco, aliás, também gostava de comparar a arte da educação com a da jardinagem: “Sei que o bom Deus não precisa de ninguém para fazer o seu trabalho, mas assim como permite a um jardineiro habilidoso cultive plantas raras e delicadas, e dá-lhe os conhecimentos necessários para o fazer, reservando para si a tarefa de fertilizar, também Jesus quer ser ajudado no seu cultivo divino das almas (...).
O que aconteceria se um jardineiro desajeitado não enxertasse os arbustos corretamente? Se ele não soubesse reconhecer a natureza individual de cada um e quisesse fazer florescer rosas num pessegueiro? (...) Faria com que a árvore morresse, mesmo que fosse boa e capaz de dar frutos”. E, como gostava de dizer Dom Bosco, nenhum jardineiro puxará o caule para fazer com que a planta cresça mais rapidamente. “Portanto, devemos aprender a reconhecer desde a infância o que o bom Deus pede às almas e apoiar a ação da graça sem nunca a antecipar ou retardar”.
A “pequena via” de Teresa na educação é realmente muito pragmática!