“Desde a visita do Santo Padre sentimos soprar ares de mudança” – afirmava em março de 2016 o Arcebispo de Bangui, Dom Dieudonné Nzapalainga. De fato, as eleições presidenciais, em que se temiam choques e novas violências, foram há pouco concluídas pacificamente.
Os combates entretanto no fim do verão foram retomados, sobretudo nas regiões centrais do País, como na cidade de K. Bandoro – onde em setembro de 2015 serviu como Bispo o Salesiano Dom Albert Vanbuel, hoje emérito da diocese.
Desde meados de setembro não se contam as agressões e as violências perpetradas na cidade e nos arredores, tanto que o novo Bispo, o franciscano Dom Thaddée Kusy, precisou fazer um apelo ao novo Presidente Touadéra e às forças das Nações Unidas ali presentes (MINUSCA) para a reconstrução das condições para uma convivência pacífica: agressões e saques em várias aldeias, e também, especificamente, em diversas paróquias; ameaças e intimidações a expoentes eclesiásticos e pessoal das organizações humanitárias; e também tiroteios e assassinatos que levaram dezenas de pessoas à morte.
O último episódio clamoroso se deu no dia 12 de outubro passado, quando o campo de refugiados, situado junto à Residência episcopal, foi devastado por milicianos ex-Seleka – grupo formado em boa parte por mercenários estrangeiros – em represália, visto que um dos seus combatentes fora morto enquanto procurava roubar um gerador de energia: o balanço final foi de, ao menos, 30 mortos.
Hoje, mais do que nunca, é preciso que, na República Centro-Africana, voltem a soprar os ares da paz. O “sopro de mudança” trazido pelo Papa há um ano não se detenha. Possa talvez alegrar neste sentido a nomeação a Cardeal do jovem – apenas 49 anos – Dom Nzapalainga, que é o primeiro Cardeal para o País, ele que em plena guerra civil não hesitou em atravessar em procissão os postos de bloqueio na linha de fogo entre os grupos opostos.