Em 1992, Moçambique era um país devastado pela guerra civil. O acordo de paz assinado em Roma pôs fim a 17 anos de confrontos; mas o país ainda tinha pela frente um panorama feito por centenas de milhares de mortos e milhões de deslocados e refugiados, inclusive muitos jovens que, tendo crescido durante o período da guerra, não possuíam nenhuma competência acadêmica ou profissional.
Os salesianos, que haviam regressado a Moçambique em 1952, e que sempre estiveram ao lado da população, naquela ocasião se perguntaram: "O que podemos fazer por estes jovens?".
Na época, a presença de numerosos missionários espanhóis e portugueses no país foi providencial. Em 1994, eles incluíram dois salesianos de Pamplona, que foram a Moçambique e iniciaram uma dinâmica de negociações com as autoridades estaduais e locais, além de diversas organizações internacionais. A partir daquela interação, ficou claro que a carta fundamental a ser jogada para poder reeducar uma inteira geração de jovens, acostumados apenas à violência, poderia ser uma opção tipicamente salesiana: a Formação Profissional (FP).
Após compartilhar a ideia com a Comunidade Educativa de Pamplona, durante as férias de verão de 1995, 12 de seus membros - salesianos e leigos - decidiram percorrer 12.000 km e iniciar uma missão emocionante: implementar a FP num país que antes, considerando-a um legado colonial, a havia eliminado por completo, e já tinha alcançado seu limite em termos de possibilidades e estruturas, mas que era muito rico no maior recurso, ou seja, nas crianças e jovens, mais dispostos a uma reconciliação.
Assim, nasceu o “Voluntariado Técnico”, desenvolvido durante as férias de verão e visando a criação e desenvolvimento da Formação Profissional no país.
Naquele cenário social, a proposta salesiana era completamente nova e se tornou ainda mais inovadora com a criação de cinco Centros de FP capazes de atender diferentes níveis e setores. O eco destas e de tantas outras atividades chegou aos ouvidos das Autoridades, que acabaram reconhecendo os salesianos como "Parceiros Educativos" do Governo, envolvendo-os na elaboração de planos e programas, e pedindo que não apenas oferecessem a FP mas que também cuidassem da formação técnica e pedagógica dos professores da FP.
Assim, os Salesianos da Visitadoria de Moçambique iniciaram as atividades formativas "à distância", com o apoio da Espanha. Em 2008, o “Instituto Superior Dom Bosco”, de Maputo, deu início à formação presencial como centro universitário dedicado à formação de professores de FP, que já ministra ensino a mais de 600 alunos, todos os anos.
Enquanto isso, ano após ano, o Voluntariado Técnico continua.