A cultura vocacional que nós, salesianos, propomos deverá superar um risco duplo: o de ser tão seletiva a ponto de buscar apenas vocações de consagração especial, esquecendo as outras formas de vida cristã; ou, por outro lado, ser tão geral que, na prática, não traria nada de novo ao que já se faz no contexto de uma pastoral de iniciação cristã de base, e que, portanto, não atuaria na indispensável tarefa de despertar as diferentes formas da vida cristã e, entre elas, as necessárias vocações consagradas.
Na verdade, à PJ compete o anúncio, a iniciação cristã, que por vezes se revela como uma verdadeira “reiniciação”, junto com o desenvolvimento desta mesma vida cristã durante o seu crescimento. Nesta Pastoral juvenil, os conteúdos da chamada "cultura vocacional" devem estar fortemente presentes em seus componentes fundamentais: gratuidade, busca de sentido, abertura à transcendência, generosidade..., espaços em que a verdade se realiza em nossa vida.
À PV (que também podemos chamar de "animação vocacional") caberia, por sua vez, desenvolver os ingredientes específicos da cultura vocacional, isto é: os três chamados que recebemos - à vida, ao seguimento, ao testemunho - ; as formas de vida cristã, isto é, a vida secular e a vida de consagração especial; o discernimento como meio de escolha de vida através de oração, informação, reflexão, decisão, experiências fortes de interioridade e apostolado e acompanhamento espiritual; aspectos importantes do nosso carisma salesiano. Neste sentido, não pode faltar a proposta vocacional, ou seja, o convite a buscar a vontade de Deus para a própria vida.
Em suma, a Pastoral Vocacional é um “eixo transversal” da PJ, que liberta os sonhos que Deus colocou no coração dos jovens; que ama os jovens e, por isso, os chama; que põe as mãos sobre os jovens e os abençoa com afeto, como Jesus; mas é, ao mesmo tempo, uma “tarefa específica”, com meios e mediações próprias.
P. Miguel Angel Garcia Morcuende,
Conselheiro Geral para a Pastoral Juvenil