Na fila da cantina da escola, por exemplo, os jovens falam sem parar, ou ficam grudados no MP3, no celular, no videogame de bolso.
Resultado: eles não sabem mais se enfrentar. O silêncio assusta porque revela as questões existenciais: “Por que existo? De onde venho? Para onde devo ir?" Estas perguntas nos assustam porque não existem respostas prontas para elas. Elas nos falam do verdadeiro significado de nossas vidas.
Diversas formas de expressar a necessidade de interioridade
O Papa, na exortação Christus Vivit, fala dos jovens: “Nalguns jovens, reconhecemos um desejo de Deus, embora não possua todos os delineamentos do Deus revelado. Noutros, podemos vislumbrar um sonho de fraternidade, o que já não é pouco. Em muitos, existe um desejo real de desenvolver as capacidades de que são dotados para oferecerem algo ao mundo. Nalguns, vemos uma sensibilidade artística especial, ou uma busca de harmonia com a natureza. Noutros, pode haver uma grande necessidade de comunicação. Em muitos deles, encontramos o desejo profundo duma vida diferente. Trata-se de verdadeiros pontos de partida, energias interiores que aguardam, disponíveis, uma palavra de estímulo, luz e encorajamento”. (CV, n ° 84)
É a essas energias de espera, a essa busca de luz, que a educação à interioridade procura responder.
A Palavra de Deus, o caminho da interioridade
A Palavra de Deus tras uma resposta a esta busca de significado. Assim pensava o P. Guy Dermond SDB quando, há 40 anos, começou a propor momentos de deserto durante os acampamentos juvenis ou os fins-de-semana que passava com os jovens. A ideia sempre foi levá-los a internalizar a Palavra de Deus. Em hebraico, a palavra "deserto" significa: "O lugar da palavra", "o que é a palavra?" ou, ainda, "Quem é a Palavra?"
Partindo de um Evangelho e de algumas perguntas ou pequenas histórias que ilustram o texto, os jovens meditam em silêncio por uma hora, num ambiente cuidadosamente preparado para favorecer o recolhimento, embalados por uma música de fundo relaxante.
Em seguida, eles participam de uma oficina para expressar o mesmo tema (desenho, cerâmica, linguagem fotográfica...), ainda em clima de deserto onde, se necessário, podem trocar algumas palavras, mas o silêncio ainda é a regra.