Angola – Uma possibilidade de libertação para meninas em Luanda

01 julho 2019

(ANS – Luanda) – Dulce, Benvinda, Esperança...,  nomes todos portadores de beleza e alegria; mas que o destino atraiçoa se V. nasceu no lugar errado, se for obrigada a viver na rua, exposta às intempéries e ao medo da noite, noite vivida por aí...

Exceto o sorriso das crianças, de “doce” pelas ruas de Luanda não há mesmo nada. Lama na estação das chuvas, pó no tempo da seca, lixo durante todo o ano, isso sim. Nenhuma dessas meninas é “benvinda”: o alojamento acertou em buscar residência noutra zona da cidade, nos quarteirões centrais da Capital, por entre as janelas de vidro dos arranha-céus e as embaixadas dos países estrangeiros. E a “esperança”, ao invés, há: e comove-nos por sua ternura.

As histórias dessas menininhas, que assim viveram e ‘desgastaram’ antes mesmo de atingir a maioridade, seguem todas um desapiedado enredo: pais que abandonam a família, ou morrem; padrastos violentos que as botam para fora de casa, ou as obrigam a fugir; mães que não conseguem enfrentar a vida porque destituídas de meios econômicos e de instrumentos culturais...

A rua então se torna o lugar natural onde esconder-se e – quais cachorrinhos – lamber-se... as feridas.

Ali V. buscará os que como V. – irmãs ou irmãos de desventura – vivem entre as lixeiras de Luanda, porque são elas as únicas que lhes podem dar proteção. V. lhes agradece, se enamora, saboreia um vago sentido de família, e depois engravida: antes disso entretanto V. nunca viu de perto um hospital ou um consultório; sequer sabe o que seja uma consulta médica pré-natal: vê apenas o seu corpo a se transformar, mas não sabe o que fazer...

De noite, pelas ruas de Luanda, uma equipe dos salesianos gira com um furgão em busca de ‘meninos de rua’. A bordo há uma enfermeira e um educador que empregam seu tempo a fazer curativos, a falar com eles. Por vezes alguém dentre eles deve ser acompanhado ao hospital; algum outro se deixa convencer a ir ao Centro dos salesianos onde achará um chuveiro e um prato de comida quente. Mas isso vale para ‘eles’. Para as meninas atualmente não há um centro e é por isso que os salesianos estão equipando um deles, onde possam ter uma chance de resgate e serem acudidas, a elas e aos seus pimpolhos. Entretanto, podem-se medicar os sinais externos: mas para as humilhações, para essas o tratamento é muito mais longo. Longo e complexo.

Para infundir uma esperança a essas jovenzinhas é realmente necessário pôr nisso todo o próprio coração: só virando mães e pais para remediar à uma infância negada.

Fonte: www.missionidonbosco.org

InfoANS

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