RMG – Don Bosco... visto de longe: educador e santo muito próximo do povo

23 fevereiro 2016

(ANS – Roma) – Dom Bosco, visto de perto, é muito conhecido: ele próprio escreveu muito sobre si e há milhares de páginas de testemunhas, em geral Salesianos. Mas, como foi visto fora das casas salesianas, no último decênio da sua vida e até a virada historiográfica do pós-Concílio?

Padre Francesco Motto, SDB

A questão foi posta pelos 38 relatores do Congresso Internacional “Percepção da figura de Dom Bosco fora da obra salesiana de 1879 a 1965” (Turim, 28 de outubro – 1º de novembro de 2015), promovido pela Associação Cultores da História Salesiana (ACSSA), no encerramento do Ano Bicentenário.

A resposta interpretativa é complexa, dado que cada época lê os fatos da história segundo a própria ótica, respondendo às próprias questões. E assim foi para Dom Bosco, interpretado segundo as situações de cada país.

Por exemplo, diante da “questão social”, que atormentava meia Europa entre os séculos 19 e 20, foi visto pelo mundo católico como o pioneiro da ação social cristã. Na Índia, a teologia popular “secular” de Dom Bosco foi acolhida em alguns ambientes educativos nas tribos do Nordeste, mas também no Sul; as Filipinas, católica, dedicaram-lhe escolas, clubes, clínicas; a Tailândia, budista, difundiu em algumas escolas o seu método educativo.

Na laicíssima França, onde se aprovavam leis hostis à Igreja e às congregações religiosas, Dom Bosco era celebrado e admirado pelo sentimento popular, que o reconhecia como um novo S. Vicente de Paulo, um novo S. Francisco de Sales, um novo Santo Cura d’Ars.

No Brasil, quando se discutia onde colocar a capital federal e havia opiniões políticas diversas, levou a melhor a região de Brasília “sonhada” 70 anos antes por Dom Bosco. Na Eslovênia, os Salesianos esforçaram-se não pouco para fazer entender que a obra do apreciadíssimo Dom Bosco não era prevalentemente dedicada à reeducação, mas era preventiva.

O ícone de Dom Bosco até meados do século passado foi recebido um pouco em todos os lugares no imaginário popular. Resultou um santo muitíssimo amado e simpático. Ele era visto como muito próximo do povo, das famílias, das comunidades locais e entrou na geografia cultural, religiosa, social, educativa, missionária da primeira metade do século 20. Depois, modificou-se na estação historiográfica dos decênios sucessivos, permanecendo, contudo, sempre um educador de rosto humano afável, um santo italiano, mas significativo em nível internacional.

InfoANS

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