Por Jean Paul Muller,
Ecônomo Geral
A vontade de prestígio e poder canaliza uma ambição desmesurada ao desejo de alcançar lugares de comando: mas não para o bem da comunidade: só pelo desejo de dizer: “Eu sou o tal”. O mesmo Papa Francisco relembra como exista uma incompatibilidade entre honras, sucesso, fama, triunfos terrenos, e a lógica do Senhor Crucificado.
É claro que o conceito de ambição não pode ser demonizado: como um rio que é, a ambição precisa ser canalizada, para que não extravase... Assim ela pode ser um fator decisivo para as opções da comunidade. Além disso, é conatural às necessidades do ser humano confrontar-se e buscar níveis de excelência: a falta desse anseio pode levar à apatia, a contentar-se com a mediocridade.
Mas à ambição deve aliar-se a temperança, a única que permite “fortalecer a guarda do coração e o domínio de si, e o ajuda a manter-se sereno”, como também se recorda nas constituições.
Por vezes, os religiosos de tal forma nos imergimos nos problemas cotidianos que “quanto somos e fazemos nem sempre aparece como radicado na fé, esperança e caridade; e nem se vê claramente que a iniciativa parta de Deus e que a Ele tudo volte” (v. CG27).
Para os detentores de responsabilidade se relembre que as obras requerem uma gestão e uma administração de todo peculiares, isto é:
- evangélica, ou seja, corresponda antes de tudo aos critérios evangélicos de pobreza e solidariedade;
- prudente, típica de quem ‘administra’, e não ‘dispõe’;
- competente, que sabe velar e dar bom andamento à administração;
- fraterna, atenta portanto às exigências dos irmãos com os quais se compartilha a missão;
- transparente, que não teme prestar contas das próprias ações.
Não é preciso buscar o brilho, querer ser a única pessoa no comando, a que resolve todos os problemas. Importa muito buscar o diálogo e também saber delegar algumas atividades especiais.
Há que voltar às origens: à humildade de servir de preferência a ser servido, à figura do Servo de Javé, “um a quem – recorda o Papa Francisco – não lhe atribuem empreendimentos grandiosos, nem célebres discursos; mas que leva a cumprir o plano de Deus através de uma presença humilde, silenciosa, também através do próprio sofrimento”.
A maior ambição para um Salesiano deve ser fazer todos os esforços para chegar a melhorar a vida e a educação do maior número possível de jovens.