Itália – O P. Antúnez de ‘Missioni Don Bosco’: “Na Ucrânia somos militantes de paz”

18 abril 2024
Foto ©: Ester Negro

(ANS – Turim) – “Fiquei impressionado com o cemitério no centro de Leópolis. Um lugar onde toda a comunidade pode homenagear os soldados caídos, mas que está cheio de sepulturas de jovens. E também vi muitas pessoas mutiladas pela guerra na cidade”, diz o P. Daniel Antúnez, salesiano argentino e Presidente de ‘Missioni Don Bosco’, de Turim, que há poucos dias regressou à Itália após uma viagem que o levou a visitar, poucos meses depois, os projetos dos salesianos na Eslováquia, na Polônia e, principalmente, na Ucrânia.

“Estas missões são um sinal tangível: queremos ser militantes pela paz em resposta àqueles que geram a guerra e a violência. Armas e bombas causam a perda da dignidade humana e não permitem que as pessoas se reconheçam como irmãos”. É intensa a emoção sentida pelo P. Antúnez, ao regressar de Leópolis e Kiev, onde ‘Missioni Don Bosco’ atua para levar ajuda e apoio ao país invadido pela Rússia no início de 2022.

"Depois da primeira ajuda espontânea, com a qual também abrimos as portas da Casa-Mãe em Valdocco para acomodar mães com crianças, algumas mulheres grávidas e alguns homens que haviam ficado para trás porque não podiam lutar, hoje precisamos garantir que a ajuda seja eficaz. Há mais de dois anos que estamos organizando cantinas e fornecendo ajuda alimentar. Mas a entrada de mercadorias não deve criar problemas de armazenamento e distribuição no local. Embora Leópolis esteja longe das localidades mais afetadas pelo conflito, é frequentemente atingida por mísseis e drones. Ali vi muito cansaço, e incerteza sobre o que poderia acontecer, não só no futuro mas também no presente", explica o P. Antúnez.

Os salesianos são hoje um interlocutor direto das autoridades ucranianas locais e dos deslocados internos da guerra. "Foi por isso que se pôde criar um programa imediato de ações adaptadas às necessidades das comunidades. Por exemplo, adquirimos uma van para que os salesianos de Cracóvia pudessem levar os bens solicitados à Ucrânia e, na volta, trazer pessoas que desejem fugir da guerra. Além disso, as casas administradas pelos salesianos – em vários locais do país, como Vynnyky, onde levamos nosso antigo pavilhão para a ‘Expo Milão’, ou nas localidades vizinhas – foram convertidas em centros de operações de socorro, de olho no 'depois', quando – espera-se que em breve – os ucranianos poderão voltar a viver em suas cidades e precisarão de normalidade".

Uma contribuição fundamental vem do ‘Voluntariado Internacional para o Desenvolvimento’ (VIS) - ONG salesiana que conta com muitos voluntários - : “Ganhamos muita experiência em áreas de alto risco como a Síria e Tigré, onde guerras igualmente devastadoras geraram morte, destruição e fuga de milhões de refugiados - conta o P. Antúnez, o qual, no entanto, se declara - nunca realmente preparado para a impressão provocada pela dor das atrocidades vindas dos combates entre os homens". Entretanto, fiquei impressionado com a resiliência das sementes de esperança que plantamos nos últimos anos. Fiquei comovido com a visita à casa da Família Salesiana em Leópolis, com muitas crianças, a maioria órfã, mas também com o ‘Pokrova football’, time de futebol composto de soldados mutilados, que joga no campeonato polonês; e com o testemunho de Konstiantyn, capitão da Equipe, que perdeu a perna na guerra e busca, no esporte, uma reabilitação também psicológica para si e sua família. E como deixar de mencionar a visita a ‘Mariápolis’, uma verdadeira aldeia feita de contêineres que, há já ano e meio, acolhe cerca de 950 deslocados, dos quais mais de 300 são menores” – prossegue o salesiano.

A missão da Delegação Salesiana conseguiu continuar até Kiev para levar solidariedade à Comunidade salesiana que atua nessa região do país. “Chegamos à capital e encontramos a pequena Comunidade salesiana reunida no santuário de Maria Auxiliadora, na zona sudeste. Ali, ‘Missioni Don Bosco’ construiu um abrigo antimísseis para a proteção dos moradores e jovens do oratório contra os bombardeios. O próximo projeto diz respeito à acessibilidade à estrutura, que também acolhe pessoas com deficiências (físicas e mentais) após a guerra. Em Kiev, encontramos duas das pessoas que tínhamos acolhido em Valdocco no início do conflito e que regressaram à Ucrânia para ficar com as famílias. Eles ficaram felizes em nos receber em sua casa como convidados" – conta o P. Antúnez.

“Esse encontro me fez compreender profundamente quão importante seja estar ali, apoiar essa Comunidade afetada pela tragédia da guerra e manter a empatia com todos eles. É a vida cristã que nos leva a ficar próximos de quem sofre. E a atenção aos ucranianos, neste momento, é uma prioridade para ‘Missioni Don Bosco'. Queremos continuar a ser uma semente de esperança, como pedem as palavras do Pontífice, que clama por paz para este povo. Se o Papa Francisco tiver condições de visitar pessoalmente a Ucrânia, eu e muitos outros estaremos prontos para acompanhá-Lo”, conclui o P. Antúnez.

InfoANS

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