Itália – A força dos santos
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30 outubro 2020

(ANS – Veneza) – Os Santos… Talvez devêssemos invocá-los mais e mais intensamente, pedir-lhes com mais frequência a intercessão, implorar que intervenham para salvar e a salvar-nos. Os santos existem, mas esperam ser ‘incomodados’: propõem-se, mas não se impõem. Conhecer a sua história e levar seu santinho no bolso, está bem. Mas pedir-lhes - com força! - a intervenção é outra coisa. Talvez pensemos que damos conta sozinhos, vítimas que somos de um mundo que depôs as pessoas em suas próprias mãos, no finito, e não nas mãos de Deus, do Infinito.

Assim nos contentamos com fazer o possível, em vez de ousar o impossível. Recorremos a mil estratégias, por certo importantes, também em campo educativo; mas não nos esqueçamos de que o Céu é para nós um arsenal explosivo de Graça: bastaria uma centelha de Fé para fazê-La saltar!

Gostaria de ter mais Fé! Aquela de Dom Bosco! Aquela de minha mãe quando adoeci de meningite há muitos anos. Aquela de minha avó que fazia a Novena de Natal de joelhos pelos degraus das escadas. Gostaria que os nossos Santos nos dispensassem a mesma audácia que têm tantos homens e mulheres dos nossos dias, aquela coragem que sabe ir além dos tantíssimos temores, que por vezes nos levam a... cabular a vida como se ‘matam’ as aulas.

Gostaria que perante os problemas diários a nossa primeira atitude fosse a de lançar um novo desafio ao Céu para desencadear a força e a determinação dos Santos. Gostaria que os amigos do Céu nos ensinassem a oração “ab-soluta”, ou seja: ‘desligada de’ qualquer pedido pessoal, aquela oração em que o nosso eu se perde em Deus até a dizer, como Carlos Acutis: “Não eu, mas Deus”.

Os santos multiplicam os desejos e assim ampliam o nosso coração. É esta a verdadeira força dos Santos: ser sombra, não luz; escondimento, não vitrina; ostensão, não ostentação; «cruna dell’ago e non cruna dell’ego» (buraco da agulha, não respiráculo do ego). Os santos são maçaneta, não porta. Permitem-nos abrir a porta, abrem-nos ao Mistério, mas não se põem no lugar da porta. Não são figurinos perfeitos, mas pessoas atravessadas por Deus. Podem-se comparar aos vitrais das igrejas, que deixam passar luz com diferentes tonalidades de cor. Precisamos por isso dos santos do Céu e carecemos de santos sobre a terra – vitrais que encham de cores os nossos pátios porque se deixam transpassar pela Luz.

Dos santos me impressionam a sua determinação em declarar guerra ao mal e a sua consciência de que o maligno não renuncia à beligerância. São aqueles que detectaram fortemente que o mal faz mal, fere e mata; e exatamente por isso vivem nas trincheiras da caridade: aí pois onde se vive imolando a vida. Educar é ensinar que vale a pena lutar contra o mal, é plasmar a consciência a fim de que tenha um paladar refinado para quanto é verdadeiro, bom e belo, capaz de possuir o gosto de viver. Educar é um combate em que os nossos Santos – se arrolados – avançam e se plantam na primeira linha.

P. Igino Biffi SDB

Inspetor da INE

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