O encontro com os jornalistas e a mídia decorreu na «Sede Central Salesiana», em Roma, na obra do "Sacro Cuore”. Na abertura do evento, feita pelo P. Giuseppe Costa SDB, jornalista e ex-diretor da Livraria Editora Vaticana (LEV), além de se apresentar os palestrantes – o Reitor-Mor, o Cardeal López e o P. Stefano Vanoli, Regulador do GC28 – também se projetou um vídeo mui vivo, apontando dados estatísticos sobre a presença salesiana no mundo.
Em seguida, o P. Á. F. Artime explicou a natureza do Capítulo Geral – "uma grande assembleia democrática que reúne inúmeras línguas, culturas e experiências" – e resumiu seus objetivos: identificar as prioridades da Congregação para o trabalho a ser realizado nos próximos seis anos, com duas metas específicas para este CG28: a sintonia com os jovens, num mundo cujas mudanças constantes ocorrem em ritmo vertiginoso, e a consciência de um trabalho conjunto com os leigos na missão.
O Cardeal López, por sua vez, enriqueceu o diálogo, fortalecendo-o com sua variada experiência: na Europa secularizada, na fé popular da América Latina ou em contextos nos quais o cristianismo representa uma clara minoria como, por exemplo, no Marrocos, onde atualmente serve. A realidade dos Salesianos nesse país tornou-se um bom paradigma para ilustrar algumas características próprias do trabalho salesiano. "Os salesianos sempre foram homens de fronteira... Fomos, e ainda somos, mais no Sul que no Norte, mais nos extremos que nos centros, mais nos bairros populares que no centro das cidades".
Ao falar sobre o famoso lema de Dom Bosco – tema da Estreia deste ano, "Bons Cristãos e Honestos Cidadãos" – o Cardeal observou que este se aplica bem até mesmo em contextos cuja maioria é muçulmana: "Estou convencido de que, se Dom Bosco fosse hoje aos Países muçulmanos, adaptaria seu famoso ‘slogan’ dizendo: 'Honestos Cidadãos e Bons... Crentes'. Dom Bosco teria assimilado o Concílio Vaticano II e o teria colocado em prática, evitando o proselitismo (normal em seu tempo) e se teria engajado no ecumenismo e no diálogo inter-religioso. Tudo isso, claro, sem renegar a própria identidade e valorizando outro lema muito salesiano: "Educar evangelizando e evangelizar educando".
Até mesmo o Reitor-Mor, durante as perguntas que seguiram as apresentações, reiterou que, na Congregação, o anúncio explícito é, e continua sendo, ponto indiscutível, nas realidades em que é possível e eficaz; mas também lembrou que hoje a melhor forma de evangelização passa cada vez mais pelo testemunho da própria vida, que induz a questionamentos.
Em resposta às perguntas que se seguiram, o P. Á. F. Artime explicou o motivo pelo qual o CG28 será sediado em Valdocco: "É uma volta a casa, às origens: ali está Dom Bosco. Não é a mesma coisa organizar, ali, uma reunião ou em outro lugar". O P. Vanoli, por sua vez, ofereceu alguns detalhes sobre o CG28, que inclui a... novidade da presença, quer de Jovens, quer de Leigos, que participarão, em duas semanas diferentes, dos trabalhos do Capítulo.
Antes de concluir, foram examinadas algumas realidades de serviço específicas, como a presença na Venezuela ou na África. Em relação à primeira, o P. Á. F. Artime falou sobre apoio concreto – inclusive financeiro – oferecido pelos salesianos não apenas às obras salesianas, mas também diretamente às famílias carentes. E lembrou que, como aconteceu durante a epidemia do ebola na África Ocidental ou durante a guerra na Síria, "em tempos de dificuldades, os Salesianos sempre permanecem com a população".
Quanto ao contexto africano, que conta com a presença salesiana em 42 países, após mostrar vários exemplos de trabalho pastoral educacional, o Reitor-Mor afirmou: "Nós, salesianos, não resolvemos os problemas da África e não podemos eliminar as desigualdades. Mas, certamente, a vida de milhares de jovens não seria a mesma sem a educação salesiana". O Cardeal López completou, dizendo que os Filhos de Dom Bosco na África também têm a missão específica de "levar esperança" a um continente onde os jovens são muitos, mas com frequência sentem-se presos a um futuro sem oportunidades.
Concluindo, o Reitor-Mor compartilhou com os jornalistas: "Quando a Igreja ou a Congregação fazem algo de errado, quando há falhas e fragilidade, é correto admiti-lo. Mas, em mais de cem nações, eu pude constatar quanto bem foi feito pela Igreja e pela Congregação”.