A represa de Myitsone é um imponente projeto de construção chinês, a se fazer na confluência dos rios Mali e N’Mai, que os une e vai formar o Irrawaddy. Essa seria a primeira represa a barrar o rio Irrawaddy, que representa o berço da civilização do Mianmar, e seria desfrutada em 90% somente pela China.
Os trabalhos para a construção da represa – capaz de gerar uma potência de 6.400 megawatts, no valor de 3,6 bilhões de dólares – foram interrompidos em 2011, após os protestos populares, que denunciavam temores pelo impacto ambiental do projeto e pelas graves perturbações que acarretaria à população local – em boa parte cristã.
Nos últimos tempos, todavia, aumentaram os sinais de uma possível retomada dos trabalhos. Foi por isso que muitas vozes, também na minoria cristã, se ergueram em defesa de quem mais corre perigo com a possível realização do projeto. Dentre todas levantou-se a do primeiro Purpurado na história do País, Cardeal Bo:
“A represa de Myitsone é uma sentença de morte para a população do Mianmar – declarou sem meios termo – . A lúgubre perspectiva de milhões de agricultores que perdem o seu sustento, a violação de lugares sagrados ao longo dos rios, a morte e a destruição da preciosa flora e fauna da nossa cara Pátria, está se tornando um pesadelo…
Em nome de todo o povo do Mianmar, em particular dos camponeses pobres, pedimos sinceramente a todas as partes interessadas que interrompam suas tentativas de abusar de nossa mãe «Irrawaddy». Convidamos vivamente o povo do Mianmar a colaborar para proteger a dignidade de nossa mãe «Irrawaddy». Esperamos confiadamente que os nossos líderes irão se opor a todos os esforços para destruir o destino e a dignidade da nossa Pátria”.