“Passamos, nos últimos meses, da compaixão provocada pelas fotografias mais sensacionalistas dos náufragos no Mediterrâneo a ver a polícia da Macedônia lançar gás lacrimogêneo contra os refugiados na fronteira com a Grécia; às pinturas nas casas que eram ocupadas pelos que pediam asilo em Middlesbrough, Grã-Bretanha, facilitando assim os ataques xenófobos; ao recolhimento e confisco de bens na Alemanha, Suíça e Dinamarca; ao desaparecimento de ao menos 10 mil menores em solo europeu pelas mãos das redes de traficantes e pela violência de gênero contra as mulheres e as jovens, sem que a União Europeia tenha agido para prevenir ou remediar essas situações; ao fechamento das fronteiras com barreiras na Áustria e Hungria...
No dia 7 de março, a União Europeia, com o apoio da maior parte dos governos dos seus Estados membros, assinou um acordo preliminar com o governo da Turquia que pressupõe a violação da Convenção ONU dos direitos dos Refugiados, adotada em Genebra em 1951, e o Protocolo 167 das Nações Unidas (ratificado por todos os Estados europeus). Este projeto de acordo viola também o artigo 18 da Carta Europeia dos Direitos Fundamentais, que reconhece o direito de asilo, e supõe um ataque frontal ao artigo 19.1 da mesma Carta, que veta as expulsões coletivas. Com ações deste tipo, a Europa afasta-se dos seus valores fundamentais e de qualquer credibilidade na defesa dos Direitos Humanos.
Acreditamos que este acordo não tenha legitimidade, e conte com a repulsa de grande parte dos cidadãos, à qual nos unimos demonstrando o nosso apoio às manifestações de 16 de março.
Por isso, as organizações signatárias declaram que continua a ser prioritária a construção de uma UE em que predomine a defesa dos Direitos Humanos e, portanto, nos opomos ao projeto de acordo com a Turquia.
Ecoamos as palavras do Papa pronunciadas em 7 de fevereiro passado, que pedia à Comunidade Internacional que “com generosa solidariedade, preste as ajudas necessárias para garantir a sobrevivência e a dignidade” de dezenas de milhares de pessoas em fuga do horror da guerra, e, por isso, lançamos um apelo à Família Salesiana a unir-se às manifestações de 16 de março e a empenhar-se ativamente na construção de uma União Europeia solidária.”