Oswald Leibold
Depois de chegar ao centro de acolhida de Frankfurt, Abdullah Zadran, após duas semanas, foi encaminhado ao centro Dom Bosco de Sannerz. Antes disso o responsável local entrou em contato com a sociedade esportiva Riedberg, uma associação de Frankfurt em que, além de futebol, basquete e rúgbi pratica-se também o críquete, esporte preferido de Abdullah. Em sua cidade de origem, Zadran, Gardez, província de Paktia, a 100 quilômetros da capital Cabul, próxima dos limites com a Paquistão, o críquete é esporte nacional, como o é na Índia e em muitos países da Commonwealth. É um esporte semelhante ao basebol, no qual dois times procuram marcar pontos correndo e lançando uma grande bola de tênis.
Mais de uma vez por semana Abdullah Zadran vai de trem à capital para treinar ou jogar com o time de Riedberg. O jovem orgulha-se ao mostrar uma taça que lhe foi entregue por duas estrelas do críquete que vieram do Afeganistão para a premiação de uma competição. Na base do troféu está a indicação “Melhor lançador”. No críquete, o lançador deve lançar a bola com força e habilidade suficiente para impedir que o jogador adversário a atinja com a raquete de madeira.
Nos centros esportivos do centro de ajuda para jovens Dom Bosco, Abdullah mostra suas capacidades. Atinge com força a dura bola de couro, da qual os jogadores devem se proteger com roupas adequadas, como um muro de cimento. Seus olhos brilham, quando devolve com segurança a bola lançada à altura da torre, sem mudar a sua posição de lançamento.
Não lhe interessa o futebol, tão popular na Alemanha? «Com os pés não tem a mesma capacidade; tem habilidade muito maior com as mãos. Poderia imaginá-lo como goleiro», diz sorrindo o responsável Roland Müller. Depois de chega à Alemanha, o jovem, muito vivo, obteve o diploma do ensino médio e também frequentou vários cursos de língua alemã. Agora frequenta o segundo ano de um curso de formação para marceneiros. «No momento, no âmbito do nosso projeto de integração nove jovens de Sannerz frequentam cursos para marceneiros, pintores e metalúrgicos; felizmente, recebemos doações», explica o diretor e responsável do projeto de formação, P. Clemens Schliermann.
Abdullah Zadran tem regularmente contatos telefônicos com sua família. Precisou deixar no Afeganistão os pais, duas irmãs e três irmãos. Agora só pode falar com sua mãe e quatro dos cinco irmãos. «Meu pai e um de meus irmãos desapareceram sem deixar sinal. Provavelmente foram raptados pelos talibãs», diz o jovem com tristeza.
Fonte: Agência Kinzital Nachrichten