Minha missão era estar nos bairros pobres, em pleno deserto. Encontrei montanhas de lixo e nuvens de poeira. Centenas de casas grudadas umas às outras, habilmente improvisadas. Escutava o riso das crianças. Todas as noites, ouvia as brigas de pais embriagados e disparos de armas; às vezes o lamento de alguns jovens que fizeram da droga o seu alimento cotidiano.
Experimentei o fracasso, quando depois de alguns meses ensinando as regras básicas de gramática, Mariana de 15 anos ainda não diferenciava o substantivo do verbo. Tive medo ao escutar Joel, que falava de um bando de ladrões que pôs um revólver em sua cabeça para roubar-lhe o celular. Vi as marcas no corpo de Nayeli causadas pelos golpes de seu pai.
Votei a perguntar-me: Onde se aprende a amar? Minha resposta estava muito perto. O lugar se chamava ‘Bosconia’. Graças à oração e à Eucaristia, aprendi a amar como Jesus. Sentia-me alegre e feliz quando meus ombros doíam pelas centenas de abraços das crianças que pediam um pouquinho de ternura. Tive que secar as minhas lágrimas de emoção quando Gladys me disse: ‘Você é como minha mãe’.
Nos bairros infames aprendi a amar. Precisava viajar ao fim do mundo para descobrir que o deserto não é areia, mas o deserto do homem está no coração que não ama. Entendi que o desastre maior do homem é a ausência de Deus”.