“Não sou alguém que fica em casa, o meu lugar é a rua, aí trabalho e permaneço”, afirma um adolescente que, com um pequeno grupo de outros garotos, vive pela rua, dormindo onde a noite o encontra.
São muitas as razões pelas quais tantas crianças e adolescentes de Caracas vivem assim, mas quase sempre o elemento determinante é a condição familiar: violência doméstica, falta de comida... Às vezes, os garotos se sentem simplesmente melhor longe de casa, encontrando na rua a fuga dos seus problemas.
Para Leonardo Rodríguez, Presidente da “Red de Casas Don Bosco”, associação sem fins lucrativos, que se ocupa em ajudar todos os dias crianças e jovens de rua, o problema está na ausência de políticas públicas que garantam o exercício dos direitos dos menores e, ao mesmo tempo, também na quantidade de organizações e pessoas voluntárias que dão alimento a eles – uma atividade que aumentou nos últimos meses.
A fim de promover a reintegração social desses menores, explicou, o trabalho deve ir além de um prato de comida que, embora seja uma boa ação, habitua-os a esperar que suas necessidades sejam facilmente satisfeitas pelos outros.
No “Patio Abierto Don Bosco”, porém, disse Alexander García, um dos educadores responsáveis pelo centro, o trabalho com os menores é mais amplo: eles são acolhidos todos os dias a partir das 9 da manhã e ali podem repousar, praticar esportes, lavar-se, lavar suas roupas, ver televisão... Ao mesmo tempo, porém, são acompanhados com itinerários de reinserção social, em nível escolar e de trabalho.
Os educadores do “Patio Abierto Don Bosco”, como os da associação análoga “Ámbar” – que se ocupa das meninas em situação de risco social e de abuso sexual – saem às ruas 4 vezes por semana para convidá-las a irem ao Centro, primeiro contato para iniciar um itinerário que tutele realmente os seus direitos e melhore a qualidade de suas vidas.
Fonte: El Universal